sábado, 27 de março de 2021

CHIMARREANDO LEMBRANCAS

Sentado  em um banco, sorvendo um amargo companheiro das horas,o meu chimarrão, vem em mim visitar como de repente, minhas reminiscências  que o tempo da memória  me trás. 
Bate em mim uma nostalgia, chimarrão  solito é  o jeito.
Faz a gente retroceder no tempo. 
Penso logo que não é  simplesmente uma nostalgia mas para muitos que  o seja. 
É  revisitar um tempo  que a memória com sua lente viva  me trás. 
Querendo ou não, nem a gente se dá conta. 
Nesse entrevero do tempo lembrado,   a seiva  bruta da minha terra gaúcha  desliza na minha garganta, como patas de torenas em campos abertos nos campos do pensamento. 
Eita chimarrão cuiudo ! És  como uma oração  que o gaúcho faz acariciando uma cuia em formato de um seio com os olhos verdes da seiva.
Vem em mim.. a lancheria que muitas vezes ia tomar um pingado acompanhado  por um sanduíche  farroupilha na Av. Borges de Medeiros quando  eu chegava até  as moças  que trabalhavam  na casa, já sabiam que naquela mesa aonde estava aquele gaúcho, já  sabiam a preferência dele.
Sei que minhas feições mudaram com o tempo.
Já  não  sou aquele JC,em minha Porto Alegre, quando me fui pra lá de mala  e cuia fazer minha história em meados dos anos 70, tempos difíceis que a memória faz relembrar. 
Nesse momento dessa revitação de um tempo inesquecível. 
E me vendo hoje não preciso de um espelho, pois me sinto eu mesmo, eu sei, o tempo marca é  uma escola, aprende quem quer aprender, ou só  deixar o tempo voar.
Confesso que o tempo nos oferece,oportuniza experiências que lá  adiante vamos lembrar de tudo.
O retrovisor do tempo são  nossos caminhos timbrados na nossa memória. 
Eu tenho as minhas marcas,  e  as carrego na minha mala de garupa  da minha vida...E os meus cabelos  brancos são  a testemunha ocular dos passos que andei..passei..vivi..chorei...
decepcionei. .me decepcionei, outras vezes sorri e meu coração gostou.
A famosa rua da Praia, a Praça da Matriz, a cidade Baixa, o centro histórico, o Mercado Público histórico, a escadaria da Duque de  Caxias,  com a André da Rocha, a livraria CEPAL, meu primeiro emprego, não esqueço jamais, meu coração  agradece nesse momento de emoção,   a minha querida amiga ZELBA, aonde me deu seu carinho, apoio, me deu sua casa para uns dias ficar, me deu uma cama, alimento,  junto com o seu filho Edson, e a esposa Rose.
Acima de tudo, dona ZELBA, me deu muito carinho.
Muitas vezes eu ia com ela no mercado público saborear os mais gostosos sorvetes.
Quando eu saía  para procurar emprego,ela dizia:
- Meu filho, sei que vais conseguir, você  tem garra, merece. Quero te levar na Capela do Padre Réus pra agradecer o emprego que fiz promessa pra você conseguir. 
Uma semana após eu conseguir o emprego, fazia um calor daqueles  de cozinhar a cabeça, era um sábado,  ela de sombrinha pra se  proteger do sol, fomos até  São  Leopoldo.
Cumprida a promessa! Na volta, um sorvete gostoso no mercado público de Porto Alegre. 
Obrigado, dona ZELBA, agradecido sempre eternamente. 
Porto Alegre,  a cidade sorriso, Porto dos Casais, cidade que me abraçou e juntos nos abraçamos.
Cidade que amo..que também  sou grato pelo aprendizado e oportunidades que me deu.
Hoje retorno como um filho retorna  a casa dos seus pais.
Aos poucos me recomponho  porque lágrimas  teimam em cair como gotas de uma abundante chuva de emoção em meu rosto.
N
E aos poucos disfarçando eu me aprumo e me acalmo.
Poxa! Passou o tempo.
Obrigado tempo! Me ensinaste e continuo aprendendo com quedas e recomeços a luta sempre tem que continuar. 
Vamos para a estrada de novo, nessa caminhada seguir,até  o coração  parar e as pernas desistirem de trilhar  caminhos.

JC,21/08/18/ 11:28h


Não vamos afrouxar o garrão,a luta continua.





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