Bate em mim uma nostalgia, chimarrão solito é o jeito.
Faz a gente retroceder no tempo.
Penso logo que não é simplesmente uma nostalgia mas para muitos que o seja.
É revisitar um tempo que a memória com sua lente viva me trás.
Querendo ou não, nem a gente se dá conta.
Nesse entrevero do tempo lembrado, a seiva bruta da minha terra gaúcha desliza na minha garganta, como patas de torenas em campos abertos nos campos do pensamento.
Eita chimarrão cuiudo ! És como uma oração que o gaúcho faz acariciando uma cuia em formato de um seio com os olhos verdes da seiva.
Vem em mim.. a lancheria que muitas vezes ia tomar um pingado acompanhado por um sanduíche farroupilha na Av. Borges de Medeiros quando eu chegava até as moças que trabalhavam na casa, já sabiam que naquela mesa aonde estava aquele gaúcho, já sabiam a preferência dele.
Sei que minhas feições mudaram com o tempo.
Já não sou aquele JC,em minha Porto Alegre, quando me fui pra lá de mala e cuia fazer minha história em meados dos anos 70, tempos difíceis que a memória faz relembrar.
Nesse momento dessa revitação de um tempo inesquecível.
E me vendo hoje não preciso de um espelho, pois me sinto eu mesmo, eu sei, o tempo marca é uma escola, aprende quem quer aprender, ou só deixar o tempo voar.
Confesso que o tempo nos oferece,oportuniza experiências que lá adiante vamos lembrar de tudo.
O retrovisor do tempo são nossos caminhos timbrados na nossa memória.
Eu tenho as minhas marcas, e as carrego na minha mala de garupa da minha vida...E os meus cabelos brancos são a testemunha ocular dos passos que andei..passei..vivi..chorei...
decepcionei. .me decepcionei, outras vezes sorri e meu coração gostou.
A famosa rua da Praia, a Praça da Matriz, a cidade Baixa, o centro histórico, o Mercado Público histórico, a escadaria da Duque de Caxias, com a André da Rocha, a livraria CEPAL, meu primeiro emprego, não esqueço jamais, meu coração agradece nesse momento de emoção, a minha querida amiga ZELBA, aonde me deu seu carinho, apoio, me deu sua casa para uns dias ficar, me deu uma cama, alimento, junto com o seu filho Edson, e a esposa Rose.
Acima de tudo, dona ZELBA, me deu muito carinho.
Muitas vezes eu ia com ela no mercado público saborear os mais gostosos sorvetes.
Quando eu saía para procurar emprego,ela dizia:
- Meu filho, sei que vais conseguir, você tem garra, merece. Quero te levar na Capela do Padre Réus pra agradecer o emprego que fiz promessa pra você conseguir.
Uma semana após eu conseguir o emprego, fazia um calor daqueles de cozinhar a cabeça, era um sábado, ela de sombrinha pra se proteger do sol, fomos até São Leopoldo.
Cumprida a promessa! Na volta, um sorvete gostoso no mercado público de Porto Alegre.
Obrigado, dona ZELBA, agradecido sempre eternamente.
Porto Alegre, a cidade sorriso, Porto dos Casais, cidade que me abraçou e juntos nos abraçamos.
Cidade que amo..que também sou grato pelo aprendizado e oportunidades que me deu.
Hoje retorno como um filho retorna a casa dos seus pais.
Aos poucos me recomponho porque lágrimas teimam em cair como gotas de uma abundante chuva de emoção em meu rosto.
E aos poucos disfarçando eu me aprumo e me acalmo.
Poxa! Passou o tempo.
Obrigado tempo! Me ensinaste e continuo aprendendo com quedas e recomeços a luta sempre tem que continuar.
Vamos para a estrada de novo, nessa caminhada seguir,até o coração parar e as pernas desistirem de trilhar caminhos.
JC,21/08/18/ 11:28h
Não vamos afrouxar o garrão,a luta continua.
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