quinta-feira, 11 de março de 2021

LULA FEZ SURGIR NOVAMENTE A ESPERANÇA

Ricardo Bruno/ Jornalista Político


" O ex- presidente  construiu um protagonismo  espontâneo, assumindo novamente o posto de líder  da oposição "
A fala do ex-presidente LULA,no Sindicato dos Metalúrgicos,  em São  Bernardo, observou  cuidados de conteúdo  próprios  de um pronunciamento  de estadista.  Foi clara e incisiva  em questões de princípio sem resvalar  para o radicalismo estéril, desagregador. Foi também  precisa na demarcação  do seu espaço  como liderar natural da oposição. 
Trouxe luz, racionalidade e bom senso  ao debate sobre a pandemia, opondo-se,assim, de modo incontrastável às  parlapatices de Jair Bolsonaro.
No curso da apresentação,  o ex-presidente construiu um protagonismo espontâneo,  assumindo  novamente o posto de líder  da oposição.  O fez em questões  concretas, facilmente decodificadas por todos os brasileiros, apontando, por exemplo, os erros imperdoáveis  de Bolsonaro na pandemia. 
Usou as armas da ciência - defesa da vacina , do uso de máscara e do distanciamento social - para se opor naturalmente ao negacionismo.Por contraste, mostrou-se o anti -Bolsonaro.
Exatamente quando o país  atinge o trágico recorde  de 2 mil mortes por dia, Lula se fez novamente líder  diante de todos os brasileiros,apontando saídas fundadas  na experiência  É na razão.  Neste momento, semeou esperança, trouxe a possibilidade  de um outro país,  de um outro caminho - menos atribulado,  menos obtuso, menos conflituoso;  mais feliz.
Tragado pela pandemia e pelo desatino governamental,  o Brasil embruteceu em meio ao redemoinho de crises insanas infladas em boa medida pelo espírito  malsão de Jair Bolsonaro. Nos últimos  anos , produziram-se enormes carências,  sobretudo, de esperança.  Com maestria, Lula se mostrou capaz de refazer os destinos da Nação por outros caminhos,  com respeito aos contrários e civilidade. Não  é  pouco.
Para além  da litigância  processual, a decisão  do STF de anular as condenações  maquinadas por Sérgio Moro fez Lula readquirir serenidade.  Diferentemente  de outros momentos, o ex-presidente não foi instado a se defender, tampouco foi confrontado com provocações absurdas, urdida criminosamente para desestabiliza-lo. O Supremo Tribunal Federal  ocupou-se da tarefa de redimi-lo - ainda que tardiamente. Não  mais no banco dos réus, Lula era em São Bernardo apenas o ex- presidente que fez o Brasil experimentar  a sua maior  bonança.  Ou talvez, o provável  candidato a fazê-lo repetir o feito. Não  havia revolta tampouco mágoa  a enxotar o raciocínio.  As idéias estavam claras, brotavam na medida e no tom correto.
Semblante sereno,  não apresentou  arroubos à  esquerda . Coerente, reafirmou sua visão  de desenvolvimento a partir de ações  do Estado,  mas com ponderação e exemplos práticos.  Não  incorporou  um radicalismo  de sinais ideológicos  trocados  exclusivamente. Ao negacionismo,  trouxe  ciência;  a retórica raivosa, opôs  moderação. 
Quando enveredou pela análise  política  talvez tenha traído o projeto de se candidatar novamente.Houve  preocupação  cirúrgica com menções e lembranças que remetem  a moderação.  Exibiu espírito  de conciliação e desejo de compor alianças  ao centro. Não  por  acaso, fez questão  de elogiar o seu  ex -vice, o empresário José Alencar,  resumindo  a parceria como uma aliança entre o capital e o trabalho. Defendeu  ainda uma frente ampla para derrotar o atual  governo, mas " não  uma frente ampla só  de esquerda". Foram  mensagens com visível cálculo político. 
De tudo o que disse, o mais importante talvez tenha ficado  nas entrelinhas.  Por entre palavras e frases, Lula fez novamente inspirar  esperança.  Mostrou que é, de fato, a liderança  mais preparada para garantir a retomada do desenvolvimento e do bem estar  social - destroçados  pela associação  criminosa da direita  insana com o liberalismo cínico  dos amantes  do mercado. 


Não  vamos afrouxar o garrão, a luta continua.

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