segunda-feira, 12 de julho de 2021

O DESGASTE DAS FORÇAS ARMADAS

Bolsolnarização de cúpula expõe  e desgasta Forças Armadas 

HELENA CHAGAS, jornalistas  pela democracia 
12/07/21

A jornalista Helena Chagas afirma  que é  o caso de se indagar com a "bolsonarizacão" da cúpula militar e o "estrago" na imagem da instituição  estão  sendo recebidos por oficiais da ativa.
" Há  indicações de muita insatisfação e efervescência, que não  transparece porque, diferentemente dos outros, estes prezam a disciplina  militar de não se manifestar politicamente".

Aconteceu do jeitinho que Jair Bolsonaro  queria quando, há  pouco mais de três meses, demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, é forçou  a troca dos comandantes das três  Forças. 
"Bolsonatizada", agora a cúpula das Forças Armadas atua politicamente a favor do govetno,o que seus antecessores,defendendo-as como instituição  a serviço do Estado - e não de governos - recusavam-se  a fazer. O outro lado da moeda é que os militares passaram a ser vidraça e entraram no alvo de investigações de corrupção.
É  essa, mais do que o desejo de defender o presidente,  a origem da nota ameaçadora contra o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, na semana  passada. Foi uma reação do ministro Braga Netto, à  maré  das investigações.
As águas  já  alcançaram as orelhas do ex-secretário  executivo da Saúde, coronel Élcio Franco, o pescoço do ex-ministro Eduardo Pazuello e, ao que parece, começam a molhar as canelas do ministro da Defesa - que, como chefe da Casa Civil, coordenou do Planalto as ações relativas à  pandemia e à compra de vacinas.
Braga Netto, antes de tudo, está  tentando se defender  e evitar um desmoralizante depoimento  na CPI.
Há  dúvidas se realmente ele constrangeu os comandantes do Exército, Paulo Sérgio,  da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Batista, e da Marinha, almirante Almir Garnier, como se propaga por ai. Ao menos os dois últimos  deram sinais, em entrevistas e posts nas redes, de que apoiam as duas palavras  ali colocadas. 
Mas é  o caso de se indagar como essa "bolsonarização" da cúpula  militar, e o consequente estrago na imagem da instituição, estão sendo  recebidos  pelos demais oficiais da ativa, inclusive do Alto Comando do Exército,  que sempre  manteve a defesa de posturas profissionais. 
Há  indicações  de muita  insatisfação  e efervescência, que não  transparece porque,  diferentemente dos outros, estes prezam a disciplina militar de não  se manifestar politicamente. 
A declaração  matinal do vice-presidente da República,  general Hamilton Mourão, de que haverá  sim, eleições  em 2022, contrariando a ameaça  de Bolsonaro  na semana passada, foi interpretada por políticos  como um bom sinal. 
Com mais liderança  no Exército  do que Braga Netto,  Mourão teria falado  também  para dentro  - além, obviamente, de fazer o contraponto político previsível que qualquer  vice de um presidente tão  enfraquecido quanto Bolsonaro  Faria. 
Na véspera, pesquisa Datafolha  mostrou  inversão das preferências populares  sobre o impeachment : agora, 54% o apoiam. 

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Este artigo não representa  a opinião  do Brasil 247 e é  de responsabilidade do colunista. 

Não  vamos afrouxar o garrão, a luta continua.


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