Tá ligado que não é fácil, né mano? Se liga aí
A carne mais barata do mercado é a carne negra. A carne mais barata do mercado é a carne negra. A carne mais barata do mercado é a carne negra Só-so cego não vê
Que vai de graça pro presídio. E para debaixo do plástico E vai de graça pro subemprego. E pros hospitais psiquiátricos. A carne mais barata do mercado é a carne negra dizem por aí.
A carne mais barata do mercado é a carne negra.
Que fez e faz história segurando esse país no braço, meu irmão. O cabra que não se sente revoltado porque o revólver já está engatilhado. E o vingador eleito, mas muito bem intencionado.
E esse país vai deixando todo mundo preto, e o cabelo esticado, mas mesmo assim ainda guarda o direito
De algum antepassado da cor brigar, sutilmente, por respeito brigar bravamente por respeito brigar por justiça e por respeito (pode acreditar)
De algum antepassado da cor brigar , brigar, brigar,brigar, brigar. Se liga aí.
A carne mais barata do mercado é a carne negra. Na cara dura , só cego que não vê. A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra. Na cara dura, só cego que não vê. A carne mais barata do mercado é a carne negra. Tá ligado que não é fácil, né, né mano
Negra,negra, carne negra. É mano, pode acreditar, a carne negra
A coluna de hoje poderia ser apenas a canção, mais nada. Os versos de A carne, música música composta por Seu Jorge, Ulisses Capelleti e Marcelo Fontes do Nascimento, e imortalizada na voz de Elza Soares, são a realidade de negros e negras neste país.
A chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes superior a da não negra, segundo o Atlas da Violência 2021.
A violência por vezes, vem com requintes de crueldade, como a morte do jovem congolês Moise Kabamgabe (foto), espancado depois de cobrar pelo pagamento do seu trabalho. Ele veio pro Brasil fugido da guerra e da fome. Encontrou escravidão, racismo e xenofobia. Sim: escravidão, pois morreu ao cobrar o pagamento do serviço. Mouse Kabamgabe foi espancado e amarrado como os senhores dos engenhos mandavam fazer com seus escravizados.
Diante de tamanha violência, só consigo pensar na canção-denuncia citada acima. " Está difícil respirar" neste país governado pelas milícias - não por acaso, a morte se deu na Barra da Tijuca,no Rio de Janeiro.
NEILA BALDI
Professora universitária
Jornal, Diário de Santa Maria,RS
04/02/2022
Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.
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