domingo, 27 de fevereiro de 2022

A PARTIDA DO PANDEIRISTA

Chega a noite lentamente é sábado de carnaval.
Aqui penso, é hora de recolher as encilhas porque daqui a pouco a chaleira vai chiar para um chimarrão cuiudo que espero.
Lá fora escuto algazarras....é o carnaval nas ruas...mas alguém nao tocará mais o seu pandeiro que agora ficou mudo no silêncio da saudade...o bloco Alambique ficou triste...aquela alegria dos carnavais já não sinto em mim. 
A luz do dia foi embora chegou a noite..com estrelas lindas e brilhantes para agradecer o dia .
Sinto em mim uma sensação que paralisa meus músculos.
Meu corpo sente o meu silêncio.Procuro me livrar desse instante não quero silenciar o meu eu...paralisar meu corpo que briga com esse momento.
Sinto um grito de despedida vendo o pandeiro que não mais irá batucar no carnaval ao longe, mas está bem perto de mim, que não quer desgarrar-se.
Vem um silêncio que me toma por inteiro.
O chimarrão com a bomba prateada entende esse silêncio e o momento.
Sorvo um trago abagualado dessa bebida que nossos índios nos presentearam com sua cultura.
A seiva verde desce na minha garganta gritando: " não vai...não vai..."
Os sinos de uma capela numa curva de estrada de chão no meio do nada também chora o silêncio do pandeiro.
Silêncio...nesse sábado de carnaval...o pandeirista não tocará mais !

Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.







  


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ONTEM....

Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...