Eu estava em frente ao Hospital Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, esperando meu mano chegar de São Gabriel, para ser internado por motivos de saúde.
Eu estava dentro de mim, com muitos pensamentos e em sua maioria, não eram bons. Algo me dizia que nada era bom . Lembro que eu orava em frente ao hospital com o coração aflito e muito nervoso. Só pedia aos céus que nada fosse grave.
Eu tinha ido a São Gabriel algumas vezes ver o meu mano, ele havia tido um acidente, com uma serra elétrica, podando uma árvore em seu pátio de casa.
Mas o que eu não sabia era que ele já vinha doente mas muitos também não sabiam.
A serra elétrica quase decepou a perna dele, mas ele por incrível que pareça sofreu apenas um corte profundo na perna e aos poucos foi se recuperando.
Quando eu ia a São Gabriel, ver ele, ele se queixava de dor, eu via as feições dele mais magras e com um olhar de medo.
Nunca e jamais pensei que ele tivesse um problema de saúde, fora o acidente com a serra elétrica.
Recebi um telefonema de São Gabriel, do meu mano Marco, dizendo dizendo que o mano Valandro iria baixar o hospital aqui em Santa Maria, para mim , foi muito estranho.
Quando por volta das 14h chega o Cláudio, mano, e o Valandro.
Quando vejo o Valandro do jeito que ele chegou vi que algo não estava bem com ele, e na minha visão, não tinha nada haver com sua perna acidentada.
Tive maus pressentimentos, fiquei muito apreensivo.
O mano, se encostou num pilar do prédio do hospital quando saia do carro e disse batendo no pilar: """por que eu senhor""!! Ele, estava com suas feições apavoradas! Aí caiu a minha ficha e vi que meu irmão estava doente mas não fazia idéia do que era. Mas sentia que era grave a situação.
Ajudei ele com o meu mano a adentrar o hospital...pelo corredor e eu fiz de tudo para ele não notar que eu estava chorando. Aquele trajeto,a caminhada até o quarto, onde ele ficaria, foi uma angústia de muita tristeza ver o jeito do meu irmão, e sentia que ele estava sofrendo.
Ele entrou no quarto...sentou na cama...eu fiquei na porta do quarto aguardando a chegada do médico. Eu também estava apavorado vendo meu irmão naquele estado.
Alguns minutos depois chega o Dr., e pergunta : -- O que houve Valandro? O mano apenas levantou os braços, como sinalizando....não sei Dr. e apontou pros exames que estava em cima da cama.
O médico pegou os exames ...e eu em pé, não tirava os olhos dele, para ver suas feições quando começou a ler o que dizia os exames.
O médico estava perplexo e disse ao meu irmão:
- Valandro porque você não me ligou, não fez contato comigo?
Valandro o bicho é grande, se prepara para uma briga grande mas vamos sair dessa.
Após isso fiquei paralisado, me deu um medo abissal, e dizia pra mim..." Não acredito ....não pode ser isso!"
Eu não me sentia. Fui pro corredor pra chorar porque eu não queria que meu irmão me visse chorando.
Um dia muito triste. Depois falamos com o médico num momento a sós e aí ele relatou que o caso era muito grave. Um câncer ósseo que estava alhastrado.
Eu só pedia a Deus que ele não sofresse dores.
Eu ia todos os dias no hospital.
O meu primo Márcio que mora aqui em Santa Maria, todos os dias ia ver ele. Eles eram muito próximos, muito amigos..."""eram muito namoradores..." Desculpe primo Márcio, essa inconfidência mas você irá entender.Todos os dias também estava com meu irmão , poxa....a gente conversava...de tudo, e fiquei sabendo de coisas que nunca imaginava....e outras nem lembrava.
Nina, e Rodrigo , esposa e filhoo sempre ao lado dele! Cuidando dele com muito carinho.
Depois de uns dias eu acreditava pela fé que ele ia vencer essa batalha... Mas não foi isso que aconteceu...o quadro piorou e até morfina foi aplicada nele.
Entrou em coma ...ficou uns três dias e nos deixou.
Faleceu em 25/02/17 sábado de carnaval. Meu irmão era um carnavalesco de mão cheia , amava o carnaval, o samba, era fã incondicional da cantora Alcione, tinha todos os discos, cds, da Alcione .Tinha a tradição gaúcha no coração e muitos 20 de setembro ele desfilou com sua Nina participou de muitas cavalgadas.
Gostava de receber os seus amigos, tinha alegria, muita música gaúcha e muito pagode.
Não podia faltar o churrasco no fim de semana, cerveja, e a caipirinha e muito samba.
Foi um dos fundadores do bloco Alambik.
Por ironia faleceu num sábado de carnaval !.
Falar o que do meu irmão Valandro? Era amigo dos amigos, colorado dos quatro costados, uma das coisas que gostava e dava muito prazer a ele, era curtir suas músicas, fazer seleções de músicas, em cd, gravar filmes, fazer vídeos.Tenho muitos cds que ele gravou pra mim .. vídeos.
Ele faz muita falta....uma falta danada, tem um vazio que não dá pra preencher somente a saudade e as lembranças dele.
Na madrugada de 26/02/17 o corpo foi transladado pra São Gabriel.
Nunca vi tanta gente para dar um adeus ao Mano, ele era muito querido, um pai muito atencioso e apaixonado pelos filhos netos.
Ele e Nina gostvam muito de carnaval, festiar, alegria, curtir com os amigos.
Não sei esse 31/01/17, senti algo estranho, e veio em mim a presença do meu irmão.
Digo que ele faz muita falta, o meu irmão mais velho, o "Turco" como alguns o chamavam.
Família, é tudo.. é um elo forte que devemos sempre preservar, estreitando os laços, não nos distanciando.
Em 25 dias, o meu irmão foi para outro plano. Foi tudo rápido! Por isso que digo, que somos instantes. E devemos sim,aproveitar o máximo esse convívio de família e irmãos.
Essa saudade eterna a gente carrega e ficam nossas lembranças que estão em nosso coração.
Saudade Mano veio, eita cara muita saudade!!!
Não vamos afrouxaro garrão, a luta continua.
♥️♥️♥️♥️
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