A cama chama para me aconchegar mas confesso não sei porque não a procuro, meus pensamentos correm para muitos lugares, vem imagens, que passam no meu pensamento, vem momentos a cada volta dos segundos do relógio que parece que me diz que está na hora da cama.
Mas às vezes relutamos, parecendo crianças "eu não quero ir pra cama, eu quero brincar" mas não é o caso hoje, após tantas jornadas que meus passos já caminharam.
Então, eu começo a folhar as páginas já escritas do meu livro de lembranças que me acompanham nesse gelado mês de julho.
Ah, lembranças ! Que pipocam que nem pingos da chuva caindo no chão.Mas eu não sou daqueles que não olho as páginas de que não me fazem bem, afinal, são vidas, vida vivvida, não passei e nem estou passando em vão esse caminho.
Pego minhas agendas que as guardo com carinho, tem de tudo, datas, momentos, passagens, lembretes, frases ditas e recebidas, em outras algumas coisas coladas, e me surpreendo que estão ali ainda.
Teve um tempo que pensei colocar tudo num tonel velho e colocar fogo. Parei..pensei, articulei minhas idéias e disse pra mim mesmo..."não", porque tem muita vida nessas agendas, emoção, tem até lágrimas, ah, tem meus poemas, muitos inéditos, que estão ali guardados, digo que as vezes ternho inveja de minhas agendas.
Mas , não posso me desfazer delas, porque tem muito de mim, não é saudosismo, é vida!
O rádio informa : " em SANTA MARIA, centro do RIO GRANDE DO SUL, são 03:45h, 02 graus, temperatura de renguear cusco" diz o locutor da rádio, dou um sorriso pra dentro de mim, poxa, é mais um inverno na minha vida.
Sei, esse inverno é diferente, vem junto com essa pandemia que machuca a todos nós, nos faz sofrer, a dor dos que foram, nos que nos deixaram, e os vitimados da pandemia fatal,letal, que deixam os seus, de uma hora para a outra.
Mas a noite, a madrugada avança, parece que daqui a pouco vou ser vencido pelo sono, pelos olhos que não posso forçar, revirando páginas,anotações.
Fico imaginando, quem deve estar na madrugada agora, nesse frio que arripia a pele, na minha mente, vejo, que há muitos nesse inverno, uns famintos da fome, outros famintos do aconchego de um cobertor. outros de um calor humano, um abraço, um carinho.
Peço, de maneira para não ser notado pelas minhas agendas, que nosso DEUS proteja a todos os nossos irmãos desvalidos, invisíveis que estão por ai, nesses bancos de praças, embaixo de viadutos, acolherados uns com os seus bichos de estimação, seus cachorros, gatos, dando e recebendo carinho.
Nesse mundo de desamor, indiferenças, do egoísmo que toma conta do ser humano, ainda bem que podemos contar com esses bichanos que parecem compreender o que o ser humano passa, nesses momentos.
Vem, a mim, a lembrança da minha cadelinha pitoquinha "TOTÓ" ela tinha o pelo meio laranja escurinho, era, sempre foi, meu xodó, "eu só quero um xodó" a música que vem a lembrança cantada pelo GILBERTO GIL.
Depois que ela morreu eu morava no RIO DE JANEIRO, baixada fluminense, NILÓPOLIS, ela tinha ficado em SÃO GABRIEL nunca mais quiz outra cachorrinha.
É a hora de guardar rabiscos, escritos, segredos, desejos, meus pedaços deixados, nessas agendas, porque já o sono está me vencendo, a cama agora é o meu destino.
Agora, aquecer a pele, o frio da alma nessa madrugada friolenta.
E o rádio continuará na companhia minha de há muito tempo.
Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.
Ai JC que lindo ameiii aqui nem faz frio. Tão lindo.
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