O BAILAR DAS ÁRVORES

As árvores bailam, saracoteiam , retoçando junto aos acordes do vento que sopra forte, no seu galope faceiro.

Sendo espiadas pelas  nuvens escuras que escondem o azul do céu, e que pronunciam mais frio e uma chuva talvez.

São os gritos do inverno que vem chegando trazendo em suas malas um frio mais intenso, nesse período em que o junho se se aproxima, aqui pelas terras de São Pedro do Rio Grande do Sul.

Lá fora observo e reaparecem  os ponchos, os palas, os sobretudos, as tocas e luvas  para domar um pouco esse frio inquieto e caborteiro.

As pessoas caminham, umas lentas, outras apressadas, cada uma em seu caminhar próprio.

Outros não  tem um agasalho, algo para comer , para nutrir o corpo, fortalecer as defesas do organismo.

O prato do dia encontram nas caçambas de lixo espalhadas por ruas, avenidas, as sobras  dos que tem.

São os deserdados do pampa, da cidade e do campo, são os que mascateam algo para comer.

São nossos irmãos alijados da sociedade hipócrita, desempregados,jogados ao léo a procura ao menos de um dia para sobreviverem nos lixos que são vasculhados por suas mãos ávidas de fome para o corpo.

Não possuem um agasalho para si e os seus.

O que tem é um barraco que chamam de casa, um pontilhão, uma marquise de um prédio, um emaranhado de madeiras com papelão improvisando uma morada, para distrair o vento que assopra  sua música gelada como um açoite de um serrote que parece que penetra nossa carne, e mutila.

Que tristeza! Como é triste o ser humano viver assim, como fugindo da fome, fugindo, da intempérie do tempo! Sem nada, apenas a procura do resto e de solidariedade.

Aqui observo, e vem uma sensação de tristeza doída que dói como espinhos cravando a pele.

O rádio, companheiro,notícia  em suas manchetes:

"Israel ataca a Palestina", escombros e mortes na Faixa de Gaza", crianças, famílias destroçadas  pela boca de fogo das armas da insensatez humana .

Na Europa, em sua costa marítima guardas costeiros aguardam refugiados fugindo de suas misérias, pelo mar, para escapar da fome e morte, para serem presos.

Vivemos numa PANDEMIA cada novo dia  somos surpreendidos  por novas variantes do vírus letal que ceifa vidas. Agora é a variante indiana que já chegou ao Brasil na costa do Estado do Maranhão, Brasil.

Tanta miséria! Tantas mortes!

Tantos sonhos  que foram levados para as tumbas da morte.

Aqui no País, que vivo, temos um cenário  triste, quase 500 mil mortes, e os negacionistas  da vida, diziam  que tudo era mentira, tudo era falácia dos cientistas, da mídia.

Sim, a falácia são famílias  que perderam seus pedaços que nem puderam dar o último adeus!

Embalados em sacos plásticos como uma mera mercadoria e colocados em caixões  para serem recebidos pelas covas abertas , pois   não tem mais serventia...eu vi dizerem " todos vamos morrer um dia e daí"?

Junto tudo a isso  massacres em favelas, com o intuito de matar,dizimar, como estão ali para fazer uma limpeza étnica é o que nos vem a cabeça 

Enquanto os verdadeiros responsáveis, não são, um, não são dois, são tantos e tantos gospem mentiras  em CPI sobre esse caos da PANDEMIA  e outros se encontram em discursos vazios, tentando justificar suas omissões, responsabilidades, mostrando essa ""bagaça"" para dar uma satisfação daquilo que não tem perdão, os erros e falta de amor ao povo por seus governantes.

O homem e sua dualidade , o bem e o mal, o poder pelo poder, em prol da vida humana .

Saio da janela, porque esse filme  que meus olhos  vêem dói, meus pensamentos estão aqui como folhas de um relatório que se faz todo o dia martelando meus neurônios.

Até quando Deus viveremos esse circo de horrores?

O palhaço não sorri mais, não faz mais piruetas, ele chora e essa dor que a todos nós vivemos.

O picadeiro virou sangue de inocentes, incertezas, medo, sem uma luz no horizonte .

Não tem pipoca, nem balões, e bala, algodão doce e sorriso de vida de nossas crianças com as palhaçadas do palhaço.

O palhaço de nariz vermelho somos nós agora !

Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.