Estamos afastados,apartados.
Os amados estão distantes.
Sentinmos a falta do olhar, do carinho, do toque.
Da falta do abraço saudoso que o corpo necessita para energizar nossas estruras.
Do sorriso meigo, largo, que nos irradia luz, nos fortalecendo , nos tornando fortes e mais cofiantes.
Sim, apartados nesse momento difícil que nos deprime, e o medo de momentos depressivos, da solidão nos assombra.
Cada passo dentro do apartamento é uma peregrinação silenciosa, de angústia, medo, incerteza que o coração chora a saudade nos acordes do peito.
Tudo está...diferente !
Falta o barulho do ambiente, o pito que não acontece nessas horas dolorosas de angústia vivida, até quando ?
Meu sorriso está escondido de mim mas meus passos ainda estão firmes no caminho que teimo em seguir.
Temos nossos medos mas não podemos, não posso transparecer para os nossos pedaços, nossos filhos e filhas, netinhos ou netinhas, enfim os nossos.
É o jeito que o amor que temos em nós faz, cuidar, proteger.
O amanhã ? Não sei se estarei aqui quando essa pandemia terminar, pois não sei se o vírus virá até a mim, me procurar.
Mas nessas horas de solidão, desse isolamento social, mil coisas rapidamente, como uma cachoeira que desce velozmente na corredeira de um rio , desfilando em mim, como uma passeata , uma chuva de lembranças vem a mim, abrir minhas páginas, umas são abertas, outras fechadas a percorrer tudo que eu fiz e tudo que deixei de fazer.
Será que não é um acerto de contas ? Sei lá, nessa altura do campeonato da vida, ou então
será a contabilidade de minha vida?
Não sei, talvez não terei o tempo necessário para saber.
Mas ouço as notícias macabras, malevas, a tilintar minha audição, transpassando um medo, uma dor, na tv, no rádio, China, 5100 mortes, Iália , 6.200, E.U.A..Espanha..8 mil infectados, falta leitos, hospitais, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, mas uma esperança sai de CUBA , ajuda humanitária,médicos, remédios para ajudar o mundo. E no BRASIL acontece as primeiras mortes, os infectados crescendo a cada hora, junto com os caixões para os mortos futuros.
O vírus caminha com velocidade de um cometa, ceifando vidas, pessoas morrendo sem saber o porque de sua morte.
A tv, diz, que os mais idosos, ou os que tem também, sequelas de outras enfermidades, são os mais próximos da morte.
Penso...e lá de trás me vem aquelas lembranças de guri, gurizote, mocito; as namoradas, os bailes, e as travessuras, as fuzarcas... de jovem.
Os meus amores, as mulheres que entraram em minha vida, e eu na vida delas.
O coração pula, dá um sorriso misturado com algo não definido dentro de mim...não sei definir.
As notícias desses dias de isolamento, nos deixam completamente frágeis. Como querendo se agarrar a uma esperança : A esperança de vida! De amor, de paz ..SEM VÍRUS.!
De lá adiante poder sentir o sol a queimar o meu corpo já curtido da vida em muitas campereadas nesse caminho trilhado.
Não sei porque me vem essas coisas em mim,talvez a necessidade de conversar, de me abrir, dizer coisas.
É o medo com certeza ..está tudo triste. Nuvens escuras nesse anoitecer é como um manto sobre o mundo.
O vírus por que mata tanta gente ?
Vislumbro caixões, sendo carregados ...muita dor ..dalágrima dos que se despedem de seus pedaços, e outros nem tempo ou chance de dar um adeus.
O que vem depois ? Talvez uma nova esperança para aqueles que ficarem, e não forem ceifados suas vidas.
Da janela, um moço visualizo fazendo um sinal, ele pede comida, algo para comer, diz que está com fome. Me dá uma dor no coração, morte e fome, tragédia . Saio e junto alimentos para aquele irmão faminto e entrego uma sacola, ele sai agradecendo, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Que tempos, hein ?
Eu queria fazer muito mais.
O vírus afastou os nossos de nós. Talvez haja tempo para a gente se encontrar novamente. Os que estão pertos, e os que estão distantes.
O sonho de um mundo melhor sempre imaginei.
Não esse mundo !
Sei, os sonhadores da vida, do amor sofrem e muitos não tem ou terão a chance de ver isso a ocorrer.
Vivemos o possível, aquilo que a realidade nos impõe mas não custa teimosamente dizer , sonhar não custa nada.
Vírus CORONA, vai embora !
Estou com saudade, dos abraços, dos sorrisos, dos carinhos, dos meus pedaços !
Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.
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