Escrever isso até parece que estou me despedindo mas é lógico que isso tudo faz parte da vida, hoje estou aqui, somos instantes, depois , não sabemos.
Escrever e ler foi sempre minha cachaça desde o início da trajetória desse gaúcho, da Terra dos Marechais , São Gabriel, e isso eu, sem querer jogar sardinha pro meu lado, o faço com o maior carinho e verdades.
Tudo que escrevo, não são simplesmente palavras escritas ao vento. É em suma, um pouco ou talvez um muito de mim, assim como esse assunto que vou descrever, assim como outros tantos que estão em meus dois Blogs, PITACOS DO JC, e JC SOLTAS DAS PATAS GABRIELENSE. nesses espaços sou eu, em carne e osso, escrevendo sentimentos meus, vivências, amores,dissabores, experiências de todo o tipo, enfim, poesias,escritos que brotam em mim, e os compartilho com vocês.
Comecei dizendo aqui, que as lembranças me vem como um furacão, não é mesmo?
Então faremos uma pequena viagem, vamos para o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, uma das grandes maravilhas do mundo.
Em meados de 1962, meu pai Getúlio que servia no exército , na Guarnição, do Quartel, 9° RCB, em São Gabriel, foi para o Rio de Janeiro e com ele todos nós, dona Cely, Valandro, Marco Antônio e Júlio César.
O motivo da ida de meu pro Rio de Janeiro foi fazer um curso de Enfermagem, o pai , era de Cavalaria, sua QM.
Lembro que fomos de avião militar, avião de paraquedistas, uma viagem memorável.
Então vamos lá....vamos abrir as cortinas da memória desse gaúcho, Solto das Patas.
" Me vejo correndo pela rua Travessa Maria de Lourdes, na cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense,Rio de Janeiro.
Eu era magrinho, mas bonitinho ...rsrsr,s, com meus amiguinhos, Seixas, Maurício, Margarida, Maria da Glória, e outros tantos e meus irmãos.
Confesso que emoção não falta quando começo a descrever esse flash da minha história, tão longe das terras gaúchas.
Éramos crianças correndo, pela rua, brincadeiras de todo o tipo, " pera, uva ou maçã, esconde-esconde, futebol, soltar pipas, e outras tantas fuzarcas que meninos, crianças ingênuas fazem.
O pai, meu amado pai Getúlio, cursava a Escola de Saúde do Exército, no RJ.
Ele acordava muito cedo em torno de 4 HS da manhã, e eu acordava com ele mexendo no rádio, para sintonizar a Rádio Guaíba de Porto Alegre, para saber notícias do pago, e política. Meu pai, era um homem de esquerda, Brizolista.
Voltava tarde pra casa, foram tempos difíceis. Conturbados politicamente, a política fervia ,como um caldeirão incandescente.
Vivi intensamente meu tempo de Guri, de Piá. Como já disse, magrinho, pernas tortas, cambotinhas. Bah, gostava de andar cheiroso.
Lembro, que roubava ..rsrsr da minha mãe, os seus perfumes, principalmente o extrato Tabu, que naquela época , era muito famoso. Eu ia brincar cheiroso, cheio de banca, passava na orelhas, no pescoço, no peito, era cheiro pra todo lado..rsrs.
Tempos bons de crianças, vivendo na essência .
Quando eu chegava na casa dos meus amigos, as mães, os avós, diziam..: - "Mas que gauchinho cheiroso, vem cá um abraço na vovó!".
Engraçado isso, né? Hoje adulto, não uso perfume, é um desodorante, preferência Rolon-on e só. Talvez porque gosto do meu cheiro natural. Isso não quer dizer que não possa usar. O hábito não os tenho.
Penso que o cheiro tem que ser natural, o mais natural possível.
Claro que, um perfume, aguça..nossos sentidos.
Pipocam, momentos, lembranças que percorrem meu eu, e rola com certeza muita emoção,quando a caneta escorre nos rascunhos, afinal, isso é vida...um tempo feliz.
E me junto aos meus amiguinhos, em Nilópolis, caçando rãs(sapos/sapas) assim fica melhor para entender. Íamos procurar as Rãs nos brejos próximos, usávamos um pequeno caniço, com um barbante e na ponta do barbante um pouco de sebo. Era batata, os bichinhos eram pegos e puxavamos pra fora do brejo. Meu impacto era de nojo. Mas diziam : Julinho isso é carne de primeira....você vai gostar, bom pra caramba...vamos fazer tá para você provar, rsrs.
Nunca imaginei , que se podia comer carne de Rã.
Bem, a primeira vez que provei, meio desconfiado, confesso que " adorei".
Se você nunca comeu uma Rã, experimente, vale a pena.
Quando meus amiguinhos levaram para a minha mãe provar essa iguaria, minha mãe Cely, dizia: - Que nojo!!! Eu não vou comer! Então, eu tomei a frente para mostrar a minha mãe que era muito saborosa uma carne de Rã.
Ela, assim...assim ..olhando incrédula...e nós come...come... é bom pra caramba ...e aí....disse a mãe: - Como seus olhos falassem...." Muito bom". Disse a mãe, outro momento eu vou fazer e vocês vem com o Julinho saborear.
Outra iguaria, era comer a formiga Tanajura. Aquela que tem um bumbum avantajado.
Aprendi com os meus amiguinhos, a gente pegava umas folhas de jornal, e quando vinham em bando as Tanajuras voando , a gente atirava o jornal e elas caiam . " Um bumbum maravilhoso...hummmm.. cremoso....eu nunca tinha comido essa iguaria...bom pra dedeo, como se dizia na época. Esse bumbum ficava crocante, Era uma festa o que fazíamos, vivemos sim, comi crianças deviam viver .
Essa parte, esse fragmento de uma história verdadeira achei que deveria registrar, fato é que já estava em rascunho para colocar no meu Blog, assim como tantos outros escritos que ainda esperam sua vez.
Não sei ...porque nessa sexta -feira , calorenta, com sinais de uma melancolia, vem saudade que bate em mim.
Talvez, os anos hoje passados, vividos, me vem a tona.
Como digo, idoso também tem saudade, tem vida, tem lembranças de todo o tipo.Pois, fazem parte desse caminho trilhado que o tempo nos carrega na estrada.
É o tempo, é "ELE" o senhor da vida, da nossa vida!
Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.
"09/10/2018"