sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

UM BANHO PELADO

Certa feita lá na fazenda do meu tio Peri já faz um tempito macanudo, lá nas bandas do Corredor dos Cortianas em São Gabriel, eu era um piá, um guri de cidade, acostumado com as facilidades da vida da cidade.

 Aquela coisa do conforto,  água quente pro banho, luz elétrica..etc...tv .... E tudo que se pode imaginar .
Desde guri, quando se aproximava as férias de meio de ano, ou verão, eu já ficava todo assanhado para ir lá pro meu amado tio Peri .
Não tinha jeito.....minhas férias eram por lá.... junto aos primos, Paulo Miguel , o Paloca, o Luiz Henrique, a Mara Lídia, o Peruca, o Perizinho, o Júlio, e a Rosinha 
Não posso esquecer da. minha madrinha 0livina e o meu tio Peri.
Nesse lugar e também na fazenda do meu avô materno Hildebrando eu aprendi, a sentir o gosto da terra, a noite do campo, o amanhecer com o alarido dos pássaros, e o berro do gado.
Ali digo com muito orgulho, eu aprendi junto com todos eles, o que é mesmo , a vida no campo, a vida na campanha. Enfim,a lida campeira  em tempo real.
Ali, com muito orgulho aprendi, o verdadeiro sentido do que é viver que  no campo, junto com os meus tios, primos e primas.
Eu aprendi de tudo um pouco e sem querer ser pretensioso, fui um bom aluno, meus professores já disse: meus tios, Peri, e Olivina junto com todos os meus primos .
Aprendi a levar o gado na invernada, a plantar junto com meu tio, ajudava a ordenhar as vacas,na madrugada para cedito ir com meus primos , ou meu tio levar os tarros de leite no quartel, numa charrete, puxada pela égua rainha.
Meu tio Peri, para mim, além de .meu padrinho, era o meu ídolo 
Aprendi muito com ele.  .um homem com um sorriso largo que contagiava, ele era moreno, curtido pelo tempo, forte, destemido, ele gostava de ensinar. 
Certa feita, em Junho, um inverno rigoroso, meu tio, me convidou pra ir cortar umas lenhas próximo ao apude. Estava frio . ..o meu corpo franzino, estava todo encolhido,eu tiritava de frio.
Meu tio ne chamou para ajudar ele  para cortar umas lenhas para levar para as casas. .
Meu tio me ensinava a pegar a posição correta do machado, a posição da lenha para cortar.
Esse homem praticamente sem o  saber das letras tinha um saber maravilhoso, e nisso a natureza foi seu professor.
Após o corte da lenha, meu tio me disse que era o bastante.
E disse, agora vamos entrar na água.
Na mesma hora disse eu: 
- Tio, tá muito frio!
- Que nada meu filho,  vamos entrar na água e  aquele homem na minha frente nú ! Bah....fiquei sem jeito...envergonhado.
- Vamos Julinho, o homem tem que se forjar no tempo ! Tira a roupa!
Tirei a roupa e me fui açude adentro muito encabulado, mas lá estava eu, todo faceiro com o meu tio..
A simplicidade do meu tio me encantava. Um homem reto!
Depois ao sair da água hiper gelada  começou meu corpo franzino  a dar uma reação, comecei a esquentar. 
E o meu tio apenas disse:
- Missão cumprida....vamos pras  casas Julinho!

Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.




 

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Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...