A reforma política de Itararé, a que não houve
Postado por Juremir em 30 de maio de 2015 - Uncategorized
Jurava-se que a reforma política nunca seria votada. Era uma lenda. No máximo, uma desculpa conveniente para justificar crises. De repente, ela entrou na pauta. Num pé-de-vento. Foi votada. Nada mudou. Garantiu-se, por exemplo, em nome da preservação dos partidos, o direito de um candidato ser eleito com menos votos do que outro. É a chamada proporcionalidade. O distritão (os mais votados levam) foi combatido com argumentos aparentemente sensatos: encareceria as campanhas e enfraqueceria os partidos. Só quem se preocupa com partidos são os políticos, especialmente quando reforçá-los atende aos seus interesses pessoais. Qual o problema de votar em pessoas? Na última eleição, votei em candidatos de quatro partidos. Quase todas as pessoas que conheço votaram assim. Quem se interessa por partidos? Partidos. Por que a lógica do partido deve prevalecer sobre a aritmética dos votos?
O mais votado perde. Ótimo para a sociedade? É mais democrático.
Conversa. As coligações nas proporcionais continuam. Partidos se aliam, obtendo vantagens com nanicos, que podem eleger um representante mesmo sem atingir o quociente exigido. É mais uma forma de garantir ao menos votado o direito de ficar com a vaga do mais votado. A reforma foi reformada para bem dos políticos. Identificada a origem da corrupção, oFINANCIAMENTO empresarial de campanhas, o que se fez? Pôs-se na Constituição o direito de manter essa torneira do mal aberta. Em lugar de extirpar o câncer, torná-lo indestrutível. Alguns queriam financiamento público total. Poderia existir cenário melhor para políticos do que não precisar correr atrás de dinheiro para se eleger? O que fazem outros países? Articulam financiamento público com doações limitadas de pessoas físicas. Se é bom para democracias consolidadas, só pode ser ruim para o moderno Brasil.
Se o voto é em partido, lista fechada.
Se não é, lista e aberta e quem tem mais votos ganha.
O sistema híbrido brasileiro confunde e frauda a expectativa do eleitor.
Na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul tem deputado eleito com uma miséria de votos em comparação com outros que ficaram fora. Foram eleitos com o regulamento embaixo do braço. Cumpriu-se a regra do jogo. Por que não se faz plebiscito sobre a definição dessas regras? Perguntem ao eleitor o que ele acha de votar num e eleger outro? Perguntem o que ele acha de ver o menos votado ser eleito? A reforma veio e passou. Deixou um rastro de nada no seu caminho. O nada é interessante. Sempre penso com carinho no nada. Ele é como o silêncio. Jamais diz bobagem. O nada é uma instituição universal. No Brasil, teve a sua reforma política. Confirmou-se o clichê: política não dá tiro no pé. O seu trunfo é a falta de memória do eleitor.
Nada assustou mais os políticos ultimamente do que a possibilidade de o menos votado não poder, em hipótese alguma, eleger-se no lugar do mais votado. Esquerda e direita uniram-se para bombardear essa ideia considerada extremamente perigosa. Foi a única ideia razoável de parte do PMDB em muitos anos. Não passou. Era simples, clara e evidente demais. Segundo o discurso, prejudicava as minorias e o surgimento de novos representantes. O nada venceu. Mas foi o nada errado. O bom nada é aquele que não deixa nada no lugar. Ah, caiu a reeleição. Democracia consolidada tem. Por que não aqui? Porque a oposição teme que Lula volte por oito anos.
Diante de tudo isso eu reafirmo cada vez mais que se a sociedade brasileira , o cidadão no seu
real direito de ser protagonista de sua vida, e a política faz sim parte de nossas vidas porque ela interfere e como em nosso cotidiano não participar realmente dos destinos seus e desse
País, aí sim, estaremos entre a uma casta de nossa sociedade que só quer se locupletar e o
povão que vai lamber sabão.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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