quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O HOMEM MODERNO

                                                                           Hoje em dia,  nesses  tempos  de modernidade   em  que  a  cada momento  temos novas  situações  em  todos os campos    que  cercam   a criatividade  humana  nos  deparamos,  e isso  digo   que não  é mais  novidade alguma, a transformação do  homem   em  sua
estética, o  cuidado  do corpo,   do  visual,  de roupas,  enfim o  homem  procurando estar  sintonizado com
a " moda "  será?
                                                                       Ivan martins,  escreve um  brilhante  artigo  onde   ele  a borda o que  está  ocorrendo  com  o  homem  em nossos  tempos,  e para tanto   transcrevo,   pois acho
importante  essa  abordagem  por ele feita e  compartilho  com  vocês. Ei-la:
                                                                   

Homem pode raspar o peito?

Claro que pode... mas precisa?

IVAN MARTINS
20/08/2014 09h11 - Atualizado em 20/08/2014 10h09
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Aparência não é brincadeira. Desde sempre os seres humanos gastam tempo e recursos para ficar bonitos. Ou entrar na moda. Homens e mulheres depilavam o corpo na Índia, na Grécia e em Roma, centenas de anos antes de Cristo. Não há, portanto, novidade na propaganda recente da lâmina de barbear que tenta convencer os brasileiros a raspar os pelos do peito. Vocês devem ter visto na TV. É só uma tentativa de transformar em tendência aquilo que poucos fazem – em especial, homens que sofrem daquilo que um amigo meu chama de "exuberância capilar". 
Qual a diferença entre raspar rosto ou cabeça – algo que todo mundo faz – e raspar peito, pernas e sobrancelhas – algo que menos homens se atrevem a fazer? Diferença nenhuma. É só questão de convenção. Se um monte de sujeitos influentes começar a aparecer em público com as sobrancelhas desenhadas e o peito escanhoado, essa forma de apresentação passará a ser vista como aceitável. Tem sido assim com tudo que nos cerca. Já houve um tempo em que tomar banho, raspar a barba, cortar o cabelo e até usar calças (em vez de túnica) era visto como coisa de gente extravagante. Esse tempo passou.
Vivemos há decádas a era do "pode tudo", e os estigmas ficam para trás. A discussão em torno da depilação masculina não é mais sobre sexualidade. Gays e heteros depilam o peito, cuidam das sobrancelhas, vão à manicure. Todos fazem plásticas. Há vaidosos de todas as orientações sexuais. Os gays lançam roupas, cortes de cabelo e cuidados com o corpo, que os heterossexuais usarão depois. Eles abrem espaço. É por isso que os homens hoje usam os cremes das suas mulheres espalhados sobre a pia do banheiro. Agora pode.
Quando de trata de torsos raspados, a questão não é se isso torna os homens afeminados. Não torna. Cristiano Ronaldo, o jogador de futebol português que todos conhecem, não é menos heterossexual por causa das sobrancelhas de odalisca ou das pernas lisas. O problema dele é parecer um narcisista de tempo integral, alguém 100% do tempo preocupado com a aparência. Essa é a grande questão em torno dos cuidados estéticos masculinos. As mulheres querem ter em casa um parceiro cuja prioridade número 1 é parecer perfeito no espelho? Os homens querem ser esse tipo de obcecado?
Terça-feira, quando pus na internet o vídeo adiantando o tema desta coluna, algumas leitoras escreveram para opinar que os homens deveriam experimentar as mesmas exigências estéticas que impõem às mulheres. Entendo a birra, mas a acusação é injusta. Não são exatamente os homens que cobram o corpo perfeito e a pele lisinha das mulheres. A cobrança das mulheres sobre elas mesmas é muito maior. A cultura feminina brasileira é que tem um componente de loucura quando se trata do corpo, e alguns homens já foram contaminados por ela. Será que o mundo ficaria melhor se eles fossem maioria? Duvido.
A atitude tradicionalmente mais relaxada dos homens em relação ao corpo tem funcionado como freio e contraponto à piração feminina. Mulheres acham todos os dias que estão gordas, velhas, feias, moles... e lá está o gordo, sentado no sofá, cerveja na mão, para assegurá-la de que continua linda e gostosa. Essa atitude, falsa e condenável aos olhos dos fisicamente corretos, é na verdade necessária. Alguém precisa estar fora do círculo infernal de angústia e perversão em relação ao peso e às medidas. Alguém na relação precisa sugerir que a perfeição não existe. Alguém tem de lembrar que o fim da juventude é inevitável – e ajudar a parceira a recebê-lo com ironia saudável, não com pânico. Ou seria melhor que houvesse na casa dois histéricos com o peso, as rugas e os pelos?
Entregues a sua própria loucura, à tecnologia médica e aos estímulos da moda, homens e mulheres estão cada vez mais infelizes com a sua aparência. Em vez de tratar bem do corpo e usá-lo com liberdade, tentam modificá-lo, aumentá-lo, recortá-lo. Buscam um ideal de perfeiçao que fica cada dia mais distante, mais inalcancável. Imaginam que serão felizes se forem um pouco mais magros, um pouco mais musculosos, um pouco mais bundudos ou menos orelhudos. Tolice. A infelicidade mora dentro de nós, a angústia não é externa, o desejo de transformar o corpo não tem limites e nunca será satisfeito. Em vez de usar o tempo precioso da existência para aprender e crescer por dentro e tornar secundária a questão da aparência, faz-se o contrário: investe-se tudo na depilação e na musculação, e seja o que deus quiser.
Neste mundo, a velha cultura masculina oferece um porto seguro. Ela criou, para  conforto dos homens, mitos que permitem viver melhor. O coroa charmoso é um deles; ajuda a envelhecer sem tanta angústia. O gordinho falador que pega todas é outro; uma lenda urbana a serviços dos rapazes acima do peso. Há também o careca másculo, o magro elegante, o feio cheiroso, o grandalhão simpático. As lendas existem porque são necessárias – e porque as mulheres confirmam sua existência a cada minuto, com sua imensa e bem-vinda generosidade sexual. Não apenas elas. Pense nos casais gays que você conhece. São todos malhados e fortões? Gente apaixonada fica na cama até mais tarde, bebe muito vinho e quase sempre engorda. De felicidade.
A autoindulgência da cultura masculina precisa ser resgatada, ampliada e adotada também pelas mulheres. Para melhorar o mundo e para permitir o convívio harmonioso dos casais. Em vez de os homens adotarem a neurose das mulheres com o corpo,façamos o contrário. Todo mundo relaxa, todo mundo abre um livro e todos se servem de outra taça de vinho. Dentro de vinte anos, estaremos um pouco mais gordos e mais acabados do que estaríamos. Mas a verdade é que isso acontecerá de qualquer jeito. Não adianta depilar o peito.
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo até amanhã.
                                                                   

Um comentário:

  1. (Alguém tem de lembrar que o fim da juventude é inevitável – e ajudar a parceira a recebê-lo com ironia saudável, não com pânico) perfeito..................magia....sintonia.........isso é o que importa......a idade nao

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