sábado, 1 de setembro de 2018

JAIR BOLSONARO E SUAS IDÉIAS

Jair Bolsonaro no Esfera Pública

"Combinamos uma entrevista com Jair Bolsonaro para o Esfera Pública da Rádio Guaíba.
Taline Oppitz foi a campo com a colega de Correio do Povo Flávia Bemfica.
A estratégia era fugir do que o capitão gosta: a polêmica comportamental baseada em chavões.
A missão era fazer Bolsonaro falar de propostas e mostrar seu conhecimento sobre temas fundamentais.
Trazido para um tom sem agudos, Bolsonaro murchou. Falou muito e disse quase nada.
Pulou de um assunto a outro sem aprofundamento nem brilho.
Despejou um oceano de clichês e atravessou um deserto de proposições concretas.
De quebra, atolou-se na ignorância antropológica mais rasteira: sustentou que viver em aldeia para índio é viver isolado como animal em zoológico. Atolou-se um pouco mais ao afirmar que índios querem “evoluir”.
Isso remete ao racismo do século XIX: a “civilização” do homem branco no topo.
É o etnocentrismo dos que não sentem vergonha dos preconceitos que disseminam.
Faz tempo que o evolucionismo foi para a lata de lixo da antropologia e da história.
Questionado sobre o patamar adequado da taxa Selic, Bolsonaro não tinha a menor ideia do assunto.
Foi socorrido por seu “cérebro”, que lhe fez sinal com as mãos de que será preciso baixar.
O que atrai em Bolsonaro?
A ideia de que vai restaurar a “ordem natural” perdida: a família  voltará exclusivamente a ser homem, mulher e filhos; o politicamente correto perderá terreno; não haverá mais impedimento em fazer piadas sobre negros e gays; toda terra será explorada pelo agronegócio sem “privilégios” para índios; não se falará de gênero nas escolas; a justiça será sumária; bandido será morto sem conversa fiada nem inquéritos comprometedores; ser heterossexual será visto novamente como o comportamento “normal”; o mais forte se imporá; o Estado de Direito não será impedimento para ações de força; políticas assistenciais perderão espaço; o ensino será militarizado; as organizações sindicais não poderão mais atrapalhar a produção com seus atos e reivindicações; cada cidadão poderá se defender de armas na mão contra a violência disseminada; a legislação trabalhista será ainda mais reduzida para facilitar a vida dos empregadores; a propriedade não será punida em caso de trabalho escravo.
Bolsonaro encarna para muitos a ideia de que só um Estado autoritário traz paz social e progresso.
Empresários aderem: se para ganhar mais é preciso silenciar a divergência, estão dentro.
Ao simplificar, Bolsonaro alcança um público que vê na complexidade atual um obstáculo."
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até amanhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ONTEM....

Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...