"Quem não aceita ver golpe partidário na construção do impeachment de Dilma Rousseff pode ainda admitir, para não se oferecer a qualificações intelectual ou politicamente pejorativas, que o afastamento da presidente se faz em um estado de hipocrisia como jamais houve por aqui", diz ele. "O golpe de 64 dizia-se 'em defesa da democracia', é verdade. Mas o cinismo da alegação não resistia à evidência dos tanques na rua, às perseguições e prisões."
Hoje, diz Janio, o golpe feito por civis e pelo parlamento é diferente. "A hipocrisia do lado civil não tem mais quem a encubra, ficou visível e indisfarçável."
Como o próprio interino Michel Temer afirmou que o julgamento é político, embora o Brasil não seja um país parlamentarista, Janio afirma que "todo o processo do impeachment é, portanto, farsante."
E um dos maiores representantes da farsa é o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), incumbido de produzir o relatório do golpe. "As 441 folhas do relatório do senador Antonio Anastasia não precisariam de mais de uma, com uma só palavra, para expor a sua conclusão política: culpada. O caráter político é que explica a inutilidade, para o senador aecista e seu calhamaço, das perícias técnicas e pareceres jurídicos (inclusive do Ministério Público) que desmentem as acusações usadas para o impeachment", diz ele. "Do primeiro ato à conclusão de Anastasia, e até o final, o processo político de impeachment é uma grande encenação. Uma hipocrisia política de dimensões gigantescas, que mantém o Brasil em regressão descomunal, com perdas só recompostas, se o forem, em muito tempo – as econômicas, porque as humanas, jamais."
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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