segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A CORAGEM E A DIGNIDADE DE DILMA CALARAM SENADORES

:
"Os senadores golpistas baixaram a bola.
Eles não esperavam que Dilma fosse ao Senado fazer a própria defesa, encará-los e desafiá-los a provar que ela cometera crime de responsabilidade.
Talvez pensaram que seria uma sessão sobre a qual teriam domínio, como de costume, mas não foi bem assim.
O discurso de Dilma foi tão forte e esclarecedor sobre as tramas e conspirações que levaram ao golpe que os fez calar.
Os senadores saíram pela retórica, coisa que eles estão acostumados a fazer, mas, num julgamento apenas a retórica não vale.
A defesa dela foi impecável. Senadoras e senadores como Ana Amélia, Aloysio Nunes, Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e outros desceram da tribuna de rabo entre as pernas.
O Brasil conheceu hoje, mais uma vez, a coragem e a dignidade de Dilma, que enfrentou na vida dois tribunais injustos: o da ditadura militar e o do golpe parlamentar, no Senado. Os dois por lutar pela democracia e pela justiça.
Ela sairá do julgamento de espírito elevado, o Senado completamente desmoralizado, rebaixado, e exposto ao Brasil e ao mundo como uma instituição dominada por um bando de ratos."

Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.

ALGUMAS TESES SOBRE CRIMES


"Uma mentira repetida se torna verdade.
A prova disso seria que Goebbels, a quem se atribui essa verdade, nunca teria dito essa frase.
Algumas “verdades” para uma segunda-feira chuvosa em Porto Alegre.
  1. Que eu saiba, sem ter procuração para falar em nome delas, Maria do Rosário e Luciana Genro jamais defenderam qualquer bandido. Defendem, na linha dos Direitos Humanos, o cumprimento da lei. Eu também.
2. Polícias, por serem técnicas e treinadas, não podem matar bandidos rendidos. Pode-se analisar o contexto e encontrar atenuantes, como o estresse ou  a incerteza da reação, mas o princípio continua válido.
3. Se bandido bom é bandido morto, em qualquer situação, rendido ou não, deveriam as polícias entrar nos presídios e executar todos os presidiários? Os bandidos feridos não deveriam ser atendidos e salvos por médicos?
4. A desigualdade (distância entre mais ricos e mais pobres) não justifica a violência. Ajuda a explicar parte dela. O bandido não é a vítima moral da desigualdade, mas o produto nefasto de uma engrenagem que se perverte. Para saber se um efeito é resultado de certa causa, basta retirar o estímulo e ver se o resultado continua. Retire-se a desigualdade e veja-se se criminalidade cai brutalmente. Se cair, a desigualdade era causa. Como as sociedades não são laboratórios, pegue-se o que já existe. O que fizeram os países com muita democracia e baixa criminalidade? Diminuíram, por meio de renhidas lutas sociais ao longo da história, a desigualdade e estabeleceram punições rigorosas dentro dos limites dos direitos humanos. Cite-se um país com democracia, alto equilíbrio na distribuição de riquezas e alta criminalidade? Quanto maior o equilíbrio na distribuição de renda e maior o rigor punitivo, dentro da lei, mais baixo o índice de criminalidade. Quem não quer tirar a desigualdade como causa, por ter interesse ideológico e material nela, torna-se conivente com a consequência. O mesmo pode ser dito em relação a quem, por acaso, seja contra o rigor da punição. São múltiplos os fatores que explicam a criminalidade, dos mais fúteis aos mais complexos, da perversidade ao ressentimento, da inveja ao ódio, da pura maldade à estupidez. A desigualdade é um deles. Não funciona de maneira mecânica. Mas não pode ser abstraída como fator causador de criminalidade.
5. O fascismo parece avançar nas ideias de parte da mídia gaúcha e das redes sociais. Dá ibope. Isso acontece na medida em que a simplificação veste roupagens de indignação moral e se apresenta como condenação sumária da divergência. Pode-se entender o desespero de alguns, o medo e o anseio por soluções imediatas. Mas não se pode ceder à barbárie como princípio de civilização. Os bons exemplos mundiais mostram que a saída está no oposto.
6. Noutro campo de polêmica,  em que tudo se mistura, quando se condena por crime, mesmo “crime de responsabilidade”, e se admite que o julgamento é político, trapaceia-se com a regra do jogo. Havendo prova do crime, dentro do estabelecido na norma, a condenação deve ser inevitável. No caso de um presidente da República, o crime de responsabilidade deve ser dele, com dolo, não do seu entorno. Não valem erros de gestão ou promessas não cumpridas. Não fosse preconceito, diria que o Brasil, a partir desta semana, será um imenso Paraguai.
7. Confundir defesa de Direitos Humanos com defesa de bandidos é um crime de argumentação.
8. A responsabilidade pela violência que tomou conta de Porto Alegre é, em grande parte, do governo, que desmobilizou as polícias, desmotivou as tropas, por falta de dinheiro, erro de prioridade ou por concepção do tamanho do Estado. Se eu fosse uma encarnação de Emile Zola, eu diria: eu acuso! Acuso o governo de ser responsável pelas mortes por ter relaxado a segurança, por ideologia ou teimosia, e custado a chamar a Força Nacional. Imagino, porém, que o governador lamente muito e se arrependa dos seus erros e hesitações.
9. Estimular a violência contra quem quer que seja é crime.
10. O Brasil, para se relegitimar, precisa de novas eleições. É nas urnas que se firme o pacto social."
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até amanhã.

GREENWALD: TEMER X DILMA : COVARDIA VERSUS CORAGEM, VEJA O VÍDEO, LEGENDADO.


democracy
" Trecho do comentário do Prêmio Pulitzer de Jornalismo, Green Greenwald, no The Intercept, sobre a entrevista que deu ao Democracy Now, dos EUA, sobre as diferenças entre a atitude de Dilma de decidir ir se defender, pessoalmente, no Senado, no julgamento do pedido de impeachment e a de Michel Temer de escafeder-se de aparições públicas
Durante as Olimpíadas, o “presidente interino” Michel Temer, temendo vaias, quebrou o protocolo ao exigir que seu nome não fosse anunciadoquando ele apareceu na Cerimônia de Abertura (ele foi intensamente vaiado de qualquer maneira) e depois se escondeu, não comparecendo à Cerimônia de Encerramento. Em amplo contraste, a presidente realmente eleita da nação, Dilma Rousseff, decidiu ir ao Senado hoje para confrontar seus acusadores, quando a gangue de corruptos e criminosos que constituem o Senado brasileiro encaminha o fim do julgamento do impeachment, com o resultado virtualmente inevitável de que a presidente duas vezes eleita Dilma seja removida do cargo. "
PENSEM NISSO ENQUANTO  EU  VOS DIGO  ATÉ AMANHÃ.É a personificação da covardia x coragem.
Assista a entrevista, na íntegra e legendada:

domingo, 28 de agosto de 2016

O MANIFESTO DO LE MONDE

          

françs

Do O CAFÉZINHO

Dilma Rousseff, vítima de uma manobra política de baixo nível

no Le Monde / Tradução: Solange de Andrade Lima Lisboa
"No Brasil as máscaras caem. Antigas escutas telefônicas revelaram as manobras que precederam o processo de impeachment da presidenta brasileira Dilma Rousseff.  Tomou-se conhecimento que alguns parlamentares procuravam escapar da acusação de corrupção, que os ameaçavam por meio do impeachment de Dilma Rousseff, reeleita em 2014 com 54 milhões de votos (51,64%). Assistimos à tomada de poder, sem legitimidade popular, por aqueles que perderam a disputa presidencial, com o intuito de colocar em prática seus programas rejeitados pelas urnas.  Formou-se um governo composto exclusivamente de homens, que em nada reflete a diversidade que compõe a sociedade brasileira.
As primeiras decisões do governo interino, dirigido por Michel Temer, foram claras: extinção dos ministérios da Cultura, do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e o órgão independente de controle do aparelho estatal (Controladoria Geral da União). Em seguida ele anunciou o fim dos programas sociais como “Minha Casa, Minha Vida”, programa de financiamento para aquisição de moradia para população de baixa renda, “Mais Médicos”, programa que permite a vinda de médicos estrangeiros em áreas menos favorecidas, e a instauração de um plano econômico de austeridade. Trata-se de um golpe de Estado institucional visando destruir todas as reformas sociais que permitiram a mais de 40 milhões de brasileiros sair da situação de miséria, durante treze anos de governo de esquerda. Os homens deste governo interino têm pressa e não se importam com a instabilidade política, econômica e social em que eles estão mergulhando o Brasil.

Um governo que não dá para se relacionar

Nós, políticos franceses eleitos, afirmamos que o processo constitucional de impeachment foi instrumentalizado por uma maioria parlamentar oportunista. Este processo, que se aplica apenas para crimes ou graves infrações, foi instaurado devido aos decretos retificadores do orçamento de 2015, adotados pelo governo de Dilma Rousseff.  Foi aberto no meio de dezembro de 2015 antes mesmo do fim do ano orçamentário e antes mesmo do exame de validação do orçamento pela Controladoria das Contas do Estado e pelas duas Câmaras.  Nós frisamos que a presidenta afastada não foi citada em nenhum dos inúmeros casos de corrupção que atingem a classe política, notadamente o escândalo da Petrobras. Não é o caso dos sete dos ministros do governo Temer. Um dentre eles, Romero Jucá, ministro do Planejamento, está envolvido no caso das escutas reveladoras da realidade do processo de impeachment e já foi forçado a se demitir.  Da mesma forma, alguns dias mais tarde, Fabiano Silveira, ministro da “Transparência”, que também está envolvido nas escutas. Até o presidente interino foi declarado inelegível por oito anos pela justiça de São Paulo por fraudes nas contas de sua campanha.
Outro traço relevante e significativo deste governo: o ministro da Justiça (equivalente ao ministério do interior francês) Alexandre de Morais foi advogado da organização criminosa PCC (Primeiro Comando Capital). Estamos também preocupados com o envolvimento no golpe de Estado da grande mídia brasileira pertencentes a grandes grupos financeiros, por uma campanha extremamente violenta a favor da destituição e criminalização da esquerda. Essas mesmas mídias apoiaram o golpe de Estado Militar de 1964 a partir do qual construíram verdadeiros impérios midiáticos. Ficamos chocados pelas justificativas dos votos dos deputados em favor do impeachment, invocando Deus, suas famílias e um deles chegando mesmo a enaltecer o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador de Dilma Rousseff, hoje falecido.
Milhões de brasileiros se mobilizam hoje em todo pais para defender a democracia, exigindo a saída deste governo ilegítimo e o retorno da presidenta eleita democraticamente. Nós os apoiamos. Nós, parlamentares, esperamos que a Corte Suprema Federal, que ainda não se pronunciou sobre o mérito, condenará o abuso do processo de impeachment. Nós parlamentares franceses, pedimos ao governo de François Hollande de se pronunciar e de condenar este golpe contra a democracia. Nós parlamentares denunciamos, após a destituição dos presidentes eleitos em Honduras e no Paraguai, este terceiro golpe institucional e afirmamos nosso compromisso e respeito ao voto popular como única forma de acesso à direção de um país. Nós pedimos a comunidade internacional condenar este golpe de Estado. Seria muito grave para todos que o maior pais da América Latina se afunde num impasse político, econômico e social.
Assinado:
Patrick Abate, sénateur de Moselle (CRC), Aline Archimbaud, sénatrice de Seine-Saint-Denis (Les Verts), Eliane Assassi, sénatrice de Seine-Saint-Denis et Présidente CRC, Marie-France Beaufils, sénatrice d’Indre-et-Loire (CRC), Esther Benbassa, sénatrice du Val-de-Marne (EELV), Michel Billout, sénateur de Seine-et-Marne (CRC), Marie Blandin, sénatrice du Nord (groupe écologiste), Eric Bocquet, sénateur du Nord (CRC), Jean-Pierre Bosino, sénateur de l’Oise (CRC), Corinne Bouchoux, sénatrice de Maine-et-Loire (groupe écologiste), Laurence Cohen, sénatrice du Val-de-Marne (CRC), Cécile Cukierman, sénatrice de la Loire (CRC), Ronan Dantec, sénateur de Loire-Atlantique (EELV), Annie David, sénatrice de l’Isère (CRC), Karima Delli, députée européenne (EELV), Michelle Demessine, sénatrice du Nord (CRC), Evelyne Didier, sénatrice de la Meurthe-et-Moselle (CRC), Christian Favier, sénateur du Val-de-Marne (CRC), Thierry Foucaud, sénateur de Seine-Maritime (CRC), Brigitte Gonthier-Maurin, sénatrice des Hauts-de-Seine (CRC), Pierre Laurent, secrétaire national du PCF et sénateur de Paris (CRC), Michel Le Scouarnec, sénateur du Morbihan (CRC), Noël Mamère, député de la Gironde (groupe écologiste), Christine Prunaud, sénatrice des Côtes-d’Armor (CRC), Jean-Louis Roumégas, député de l’Hérault (groupe écologiste), Bernard Vera, sénateur de l’Essone (CRC), Paul Vergès, sénateur de la Réunion (CRC), Dominique Watrin, sénateur du Pas-de-Calais (CRC)."
Pensem  nisso enquanto  eu  vos digo até amanhã.

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO : RI, PALHAÇO

SONIA BRAGA : NUNCA É SUFICIENTE REPETIR QUE É GOLPE

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

LULA: DELEGADO ANSELMO É UM...FICCIONISTA


Delegado tem notória preferência político-partidária

publicado 26/08/2016
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Nota dos advogados do Lula:
Relatório do Delegado Marcio Adriano Anselmo é peça de ficção
Os advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa Marisa Letícia Lula da Silva repudiam veementemente o indiciamento de seus clientes a partir das apressadas conclusões do Relatório elaborado em 26/08/2016 pelo Delegado de Polícia Federal Marcio Adriano Anselmo nos autos do Inquérito Policial nº1048/2016 (5035204-61.2916.4.04.7000),que tem caráter e conotação políticos e é, de fato, peça de ficção. Lula e D. Marisa não cometeram crimes de corrupção passiva (CP, art. 317, caput), falsidade ideológica (CP, art. 299) ou lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98, art. 1º), como se demonstra a seguir: 

1- Corrupção passiva – 
O ex-Presidente Lula e sua esposa foram indiciados pelo crime de corrupção passiva (CP, art. 317, caput) sob o argumento de que teriam recebido “vantagem indevida por parte de JOSE ALDEMÁRIO PINHEIRO FILHO e PAULO ROBERTO VALENTE GORDILHO, Presidente e Engenheiro da OAS, consistente na realização de uma reforma no apartamento 174 do Edifício SOLARIS, no GUARUJÁ, devidamente descritas e avaliadas no laudo pericial nº 375/2016, que apontam melhorias no imóvel avaliadas em obras (R$ 777.189,13), móveis (R$ 320.000,00) e eletrodomésticos (R$ 19.257,54), totalizando R$ 1.116.446,37)”:

1.1 O imóvel que teria recebido as melhorias, no entanto, é de propriedade da OAS como não deixa qualquer dúvida o registro no Cartório de Registro de Imóveis (Matricula 104801, do Cartório de Registro de Imóveis do Guarujá), que é um ato dotado de fé pública. Diz a lei, nesse sentido: “Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. O Relatório não contém um único elemento que possa superar essa realidade jurídica, revelando-se, portanto, peça de ficção.



1.2. Confirma ser o Relatório uma obra de ficção o fato de o documento partir da premissa de que houve a “entrega” do imóvel a Lula sem nenhum elemento que possa justificar tal afirmação. Aliás, nem mesmo o Delegado que subscreve o Relatório sabe quando teria ocorrido essa “entrega” que ele atribui a nosso cliente: “Houve a reforma após a entrega do imóvel, possivelmente no segundo semestre de 2014” (p. 06). 

1.3. Lula esteve uma única vez no imóvel acompanhado de D. Marisa — para conhecê-lo e verificarem se tinham interesse na compra. O ex-Presidente e os seus familiares jamais usaram o imóvel e muito menos exerceram qualquer outro atributo da propriedade, tal como disposto no art. 1.228, do Código Civil (uso, gozo e disposição).

1.4. D. Marisa adquiriu em 2005 uma cota-parte da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) que, se fosse quitada, daria direito a um imóvel no Edifício Mar Cantábrico (nome antigo do hoje Edifício Solaris). Ela fez pagamentos até 2009, quando o empreendimento foi transferido à OAS por uma decisão dos cooperados, acompanhada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Diante disso, D. Marisa passou a ter a opção de usar os valores investidos como parte do pagamento de uma unidade no Edifício Solaris – que seria finalizado pela OAS — ou receber o valor do investimento de volta, em condições pré-estabelecidas. Após visitar o Edifício Solaris e verificar que não tinha interesse na aquisição da unidade 164-A que lhe foi ofertada, ela optou, em 26.11.2015, por pedir a restituição dos valores investidos. Atualmente, o valor está sendo cobrado por D. Marisa da Bancoop e da OAS por meio de ação judicial (Autos nº 1076258-69.2016.8.26.0100, em trâmite perante a 34ª. Vara Cível da Comarca de São Paulo), em fase de citação das rés.

1.5. Dessa forma, a primeira premissa da autoridade policial para atribuir a Lula e sua esposa a prática do crime de corrupção passiva — a propriedade do apartamento 164-A — é inequivocamente falsa, pois tal imóvel não é e jamais foi de Lula ou de seus familiares. O Relatório sequer enfrenta o assunto.

1.6. Outro aspecto primário também foi solenemente desprezado pelo Relatório. A corrupção passiva prevista no art. 317, do Código Penal, é crime próprio, ou seja, exige a qualidade especial do agente, que é ser funcionário público. Segundo um dos maiores juristas do País, Nelson Hungria, “A corrupção (...), no seu tipo central, é a venalidade em torno da função pública, denominando-se passiva quando se tem em vista a conduta do funcionário público corrompido” (Comentários ao Código Penal, vol. IX, p. 367). As melhorias descritas no Relatório teriam ocorrido após 2014. No entanto, Lula não é agente público desde 1º de janeiro de 2011 e D. Marisa jamais foi funcionária pública. Ou seja, não há como sequer cogitar da prática criminosa.

2- Falsidade ideológica – 
Lula foi indiciado pelo crime de falsidade ideológica (CP, art. 299) sob o argumento de que “atuou na celebração de contrato de prestação de serviço de armazenamento ideologicamente falso com a GRANERO TRANSPORTES LTDA”. A verdade é que o ex-Presidente não teve participação nessa relação jurídica e, por isso mesmo, o Relatório não aponta qualquer evidência nesse sentido. O indiciamento ocorreu apenas sob a premissa de que Lula seria o “beneficiário direto” do contrato, numa clara imputação de responsabilidade objetiva que é estranha ao Direito Penal. Ademais, os bens do acervo presidencial integram o patrimônio cultural brasileiro, são de interesse público por definição legal (Lei 8394/91) – não se tratando de bens privados de Lula, mas sim de documentos que a lei exige que sejam conservados.

3- Lavagem de capitais – 
Lula foi indiciado pelo crime de lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98, art. 1º) sob o argumento de que teria dissimulado o recebimento de “vantagens ilícitas” da OAS, que seria “beneficiária direita de esquema de desvio de recursos no âmbito da PETROBRAS investigado pela Operação Lava Jato”. 

3.1. Para a configuração do crime previsto no art. 1º, da Lei nº 9.613/98, Lula e sua esposa teriam que ocultar ou dissimular bens, direitos ou valores “sabendo serem oriundos, direta ou indiretamente, de crime”.

3.2. Além de o ex-Presidente não ser proprietário do imóvel no Guarujá (SP) onde teriam ocorrido as “melhorias” pagas pela OAS, não há no Relatório um único elemento concreto que possa indicar que os recursos utilizados pela empresa tivessem origem em desvios da Petrobras e, muito menos, que Lula e sua esposa tivessem conhecimento dessa suposta origem ilícita.

4- Inquérito oculto – 
O Relatório se refere a um inquérito policial instaurado em 22/07/2016 e que ficou tramitando de forma oculta — nas “gavetas” das autoridades envolvidas — até o dia 24/08/2016. Há apenas dois dias, os advogados de Lula tiveram conhecimento do procedimento, após terem ingressado com Reclamação no Supremo Tribunal Federal por violação à Súmula 14 (Autos nº 24.975). E somente foi possível ter conhecimento da existência desse procedimento por erro do Ministério Público ao peticionar em um inquérito policial que tramitava de forma pública, para investigar a propriedade dos apartamentos do Edifício Solaris, e que foi concluído sem imputar ao ex-Presidente ou aos seus familiares a prática de qualquer ilícito (Autos nº 060/2016).

Conclusão 
Os elementos acima não deixam qualquer dúvida de que:

1. A peça é uma ficção: o Relatório não parte de fatos, mas, sim, de ilações ou suposições;

2. A peça não tem respaldo jurídico: Lula e sua esposa não são proprietários do imóvel que teria recebido as melhorias; não são funcionários públicos, que é a premissa do crime de corrupção passiva; Lula não participou da contratação indicada no Relatório, de forma que o Relatório pretende lhe atribuir a prática de um crime sem que ele tenha qualquer envolvimento (responsabilidade objetiva, estranha ao Direito Penal); e, finalmente, Lula e sua esposa não receberam qualquer bem, valor ou direito da OAS que seja proveniente de desvios da Petrobras e muito menos tinham conhecimento da suposta origem ilícita desses valores;

3. A peça tem motivação política: O Delegado Marcio Adriano Anselmo tem histórico de ofensas a Lula nas redes sociais e já expressou publicamente sua simpatia por campo político antagônico ao ex-Presidente. Não se pode aceitar como coincidência o fato de o Relatório ser apresentado no meio do julgamento do impeachment da Presidente da República eleita com o apoio de Lula."

Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira 
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo até amanhã.

SERMÃO AOS VERMES

Sermão aos vermes

sermaoaosvermes
Ayrton Centeno

"Esta não é uma pregação para aqueles animais longilíneos, invertebrados, sem membros, no máximo com apêndices que usam para locomoção. Dirige-se a outros animais, teoricamente superiores. Animais que, embora sendo homens, escolheram ser vermes. Fizeram sua opção preferencial pela baixeza, as úmidas camadas inferiores da vida pública, escarafunchando e se empanturrando de matéria orgânica em decomposição.
Mas onde estão tais vermes por escolha? Em muitos lugares, em toda parte, em qualquer profissão. Em todos os poderes da república: no Judiciário, no Legislativo, no Executivo. Cada um de nós, por certo, conhece alguém que se enquadra na descrição. Mas o que interessa, agora, é saber onde estão no Senado Federal.
O Brasil está prestes a obter uma radiografia moral do Senado, instituição que muitos países sequer abrigam. Saberá quem são e como agem aqueles e aquelas a quem paga mais de R$ 33 milhões por ano. É apenas o custo unitário por senador, mais seus 11 assessores! E são 81 senadores! Se a choldra tem direito ao 13º salário, as excelências embolsam 14º e 15º salários.
Sem prejuízo de auxílio-moradia e torrencial verba pública para despesas com aluguel, alimentação, passagens aéreas, gasolina, telefone, serviços gráficos, correios e jornais e revistas. E absolutamente tudo sai do mesmo bolso: o seu. Do contribuinte. Resta saber qual o tratamento que a porção eleitor do contribuinte receberá daqueles a quem sustenta tão regiamente.
Quem sobreviverá ao escrutínio da nação? Quem escapará da mácula definitiva da História? É o que se verá. Estarão, todos e todas, com suas vísceras expostas. Abertos, devassados, completamente nus se apresentarão — num possível ensaio de pornografia extrema e levada às últimas consequências – nas casas dos brasileiros de ponta a ponta do território nacional. Os eleitores terão acesso a essa tomografia computadorizada do caráter de cada senador e senadora. Destes, há os que viverão e há os que morrerão. Enquanto figuras públicas, entenda-se. Mas morte política é também fatal ao menos no seu âmbito.
Entre os senadores existem os que percebem o que está em jogo. Que não é um simples mandato mas a própria noção de justiça: quem não tem crime a expiar não merece condenação. Não se trata de um governo ou um governante mas do respeito às regras democráticas: quem tem mais votos vence, quem tem menos perde. A Matemática servindo à Democracia.
Os homens e mulheres aptos a votar no Senado sabem que, aberta a porteira, não haverá mais prefeito, governador, presidente com a menor segurança no seu posto. Terão que irrigar continuamente de bênçãos as casas legislativas. O que farão como única forma de sobrevivência às custas da boa gestão, da racionalidade administrativa, da ética e, por óbvio, do dinheiro público. Ou isso ou a degola.
Há os toscos – e são muitos – que pensam apenas no curtíssimo prazo. Emplacar aquela indicação no ministério, descolar uma grande vantagem para meu financiador de campanha, acertar o lado do meu parente… Pensam com os bolsos e negociam com o diabo mesmo que isto represente imolar-se em prol de uma fraude aberrante, sem vez nem voto.
Há os que são adversários e sempre o foram. Menos pelos erros do governo e do governante no patíbulo. Mais pelos seus acertos. Os primeiros perdoáveis, os últimos jamais. E por isso a decisão a priori – mesmo sem provas, mesmo calcada em farrapos de argumentação — de condená-los. Mantê-los significaria correr o risco de mais acertos, algo intolerável.
E há – os piores entre os piores – os aliados de ontem e algozes de hoje. Aqueles que, punhais sob as vestes, traíram seu próprio governo e se dispõem a trair novamente. Traíram para salvar o próprio couro, para sepultar a investigação que os denunciou ou denunciaria. E trairão sempre.
Há ainda aqueles que, diante do destino avaro, deixarão de concorrer. Antes de votar, fizeram da consciência comércio. São os velhos prestidigitadores prontos a se refugiarem num cargo no exterior, numa indicação para algum órgão internacional, alguma sinecura distante do longo braço do eleitor.
Mas ainda não está disponível a cirurgia plástica de caráter, tampouco botox para alma. Não haverá, portanto, salvação para quem proceder sem respeito e sem decência.
Vagando pela névoa do autoengano, alguns acreditam que, depois do voto infame, ainda estarão vivos. Falso. Cadáveres insepultos, espalhando o odor pestilento dos zumbis, serão descartados politicamente. À moda do Zorro terão, no espírito, não o Z escarlate que flui do florete do justiceiro mascarado mas o G eterno da humilhação e da desonra. Um G perpétuo. Diante desse G, invisível mas denunciador, as ruas lhes gritarão nas fuças: “Golpista”. Nas escolas, lhes gritarão “Golpista”, nas fábricas lhes gritarão “Golpista” e até mesmo em casa, com portas e janelas fechadas, alguém muito próximo lhe dirá “Golpista”. Esteja onde estiver será perseguido pela palavra-pedrada: “Golpista!” Seus descendentes receberão o legado. “É o filho do golpista!” E nada se poderá fazer diante dessa realidade assombrosa. Virá para ficar. Eterna e inabalável.
Seu gesto será esquadrinhado pela História, a Política, a Sociologia, a Psicologia. Mas também pelos ramos da ciência menos comuns nesse esforço para apurar os fatos e detectar a verdade de modo integral. Pela Paleontologia, por exemplo. Pela Zoologia. E, inapelavelmente, pela Microbiologia.
Os vermes? Os autênticos? Bem, perdão a eles. Cumprem uma missão crucial na terra revolvendo e reciclando. Estão justificados biológica e ecologicamente. São indispensáveis. São chaves da existência. Dão continuidade ao ciclo que encadeia vida, morte e novamente vida. Não se vendem. Não regateiam. Não traem sua missão. Trabalham na água e no solo. Nos intestinos, são os imprescindíveis operários da imundície.
Dignos, corretos, laboriosos, não merecem a comparação reiterada com semelhantes tão vis. Mesmo assim, seu nome será usado como chicote para açoitar aqueles cínicos e hipócritas que, na hora da eleição, perseguirão o eleitor para implorar-lhe o voto. Nesta procura, em algum momento, alguém lhes dará uma resposta ríspida como uma bofetada:
– Como você ousa, verme, pedir-me aquilo que me roubou?"
Pensem  nisso  enquanto    eu  vos digo até amanhã.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

MINO CARTA E O SURTO DE GILMAR CONTRA MORO E JANOT

Pensem nisso  enquanto eu  vos digo até amanhã.

A LUTA DE DILMA PELA DEMOCRACIA


Hoje, o mundo, o Brasil, seu  povo,  sua atualidade,  o seu  futuro, começa  definir  o  seu  futuro  como  nação,  uma nação  que pode  romper  definitivamente o  seu lado  democrático, estuprar  definitivamente sua democracia,  para o  gosto  de  minorias de políticos  que sempre  rodearam o
poder e  sempre estiveram  dentro  dele,  e quando  não  estavam fizeram,  e estão  fazendo , uma derrubada  de uma presidenta legitimamente  eleita pela maioria  do povo  brasileiro.
Seremos  ou  não  após  esse  julgamento,  um  País  sério, ou  popularmente  como  se chama,  uma REPUBLICA  DE BANANAS.
O mundo  todo  está de  olho com suas  lentes alargadas para  ver o  desfecho desse ato  que  segundo alguns já está  sacramentado, a deposição  de  DILMA  ROUSSEFF,  por um  golpe  político.
Oxalá,  os senadores pensem  no povo brasileiro, no  futuro  de  nossos filhos, de  nosso  País, para que possamos  seguir em  frente, junto  com a democracia.

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo até amanhã.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

100 DIAS DO GOLPISTA MICHEL TEMER

ONTEM....

Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...