quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

O TEMPO!

Há o tempo! Como ele tropeia...cavalga em nossos caminhos...ele vai junto agarradito na gente.
As vezes tropeçamos ...caímos...levamos nossos tombos e outros momentos parece que o fim vem chegando a galope..
Mas o tempo não tem culpa de nada, ele simplesmente está aí nessa convivência temporal.
Ele vai cavalgando junto com a gente mas não tem culpa alguma por nossos desatinos, erros, decepções, nossas escolhas pois, tudo tem um inicio, meio e fim, esse é o verdadeiro tempo.Vivendo ou não..
Fico pensando no que o tempo me trouxe..nos ganhos e nas perdas da vida...e o que não pude viver.
Sabemos que fica um vácuo latente nessa caminhada com os seus rastros e digitais....e a poeira dessa caminhada não consegue apagar...esquecer....em meu matungo coração.
Mas tudo faz parte, não é culpa do tempo.
Quem sabe o tempo em outra circunstância mude esse trajeto.
Não podemos reclamar, brigarmos com o tempo ele não tem culpa de nada, não podemos imputar a ele, as coisas que no caninho não foram como desejávamos, a vida é feita de escolhas, encontros...desencontros........ perdas e danos e isso faz e sempre fez parte de nossas vidas.e não podemos mudar.
Por que os encontros e desencontros nas nossas esquinas da vida? Essa resposta a gente não as tem...penso e posso dizer que nos deixam marcas tatuadas para sempre na gente.
Tem momentos que procuro falar com o tempo...que loucura! Tenho diálogos e confesso, tento enganar o tempo para resgatar a resposta que procuro mas o tempo não me diz...se esquiva..fica em silêncio.
E ai, eu sigo o meu caminho sem as respostas.
Sim...o tempo nos ensina nesse trajeto....os nossos enganos....desenganos...decepções e desilusões.
A gente aprende que não devemos esperar nada de quem não tem nada para dar. Muitos apenas gostam de simplesmente receber.
O tempo ....há o tempo..! Eu não tenho tempo . Perdi o tempo.

Não vamos afrouxar o garrão, a luta continua.



quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

UM BAILÃO NA MEIA LUA

Hoje,recordo de um baile que eu e meu querido amigo Paulo Marques, agropecuarista, morador da Terra dos Marechais, São Gabriel, um cara legal, um homem bom, adora tomar um bom vinho, um copo,dois,três. ..Bah..!
Mas vinho é  bom , não  é mesmo?
Estávamos  na fazenda dele e ele que  conhece mais aquela região,  próximo a cidade  de Lavras do Sul,  me convidou para  irmos juntos num baile gaúcho nas redondezas daqueles de soltar poeira da bota e balançar as  bombachas.
Como ele  disse:
Júlio,   vamos de lambreta, estou com preguiça de aprontar  os cavalos.
- Tá bom amigo, então  vamos pro entrevero dessa bailanta.
Nos embonitamos,  até  que por gasto a gente não  é  feio! Kkkk
Nós encharcados do perfume "amor gaúcho ", brilhantina nas  melenas, e nos sovacos, um cheirinho de desodorante "Van Es".
Vestimos nossas pilchas,  aparato adequado para um bailão gaúcho.
O bailão seria num salão, lá  por perto, uns 4 km.
Nós  já embonitados, loucos para irmos fuzarquear,perguntei:
-Paulinho, você dirigi bem essa lambreta?
- Deixa comigo, vai  soltar poeira,na estrada,vamos embora!
Saímos , aquela lambreta,anos 70, lambia o chão  da estrada com aquele barulho estridente.
Minha bombacha que o Paulo me emprestara era larguita demais, e eu magricela, tisico .
E com a velocidade que íamos,  a lambreta levantava polvadeira,os panos da minha bombacha preta, levada  pelo vento,  até o rosto do Paulo.
Ele dizia :
Tira essa toalha do meu rosto Júlio!
- Não  é  toalha, é  a minha bombacha!
Meu Deus do céu,  ele também  de bombacha preta pareciamos dois urubus, com nossas bombachas voando ao sabor do vento e tapando a lambreta.
Mas enfim, chegamos inteiro na casa de baile, minha bunda toda dolorida devido  aos solavancos  da estrada de chão  batido.
Tinha muita  china bonita, tinha de todo jeito, cada belo recavem que mexiam com o vivente, brilhando os     zóios !
Estávamos  loucos para sapatear  no salão do baile,e sarandear a noite toda.
Fomos tomar  um vinho no balcão  do salão  para dar um "up".
O vinho era da marca chapadão lá  das bandas de Jaguari.
Bah!  Tinha carreteiro, batata doce, bolinho de arroz, linguiça, farofa, rabo, rabo é  bom!
E  café preto bem bagual com murcilha, queixo de porco, chimia de todo o tipo,sagu, refrigerante grapete , crush ,miranda  mortadela, queijo, um festival de comilança gaúcha e não podia  faltar a cachaça boa!
Pegamos umas muié  pra dançar!

E  fomos  pro meio do salão,  O Paulo com uma  polaca e eu me agarrei numa neguinha , formosura total.
Lá  pela duas da madrugada,  tive um acidente,  e o Paulo:
- Que foi Júlio,  ta mancando?
- Não Paulo, soltou o solado  da bota!kkk
O Paulo só  tirava sarro.
Acho que estávamos  "choco" e  começamos a rir.
O Paulo disse :
-Não  dá  bola, amigo!
- Vamos dar um jeito!
O Paulo, viu um gaúcho  que estava dormindo ,estatelado, com a cabeça sobre a mesa.
Não pensou duas vezes.
Olhou ali, aqui..lá,  pra cá, viu o gaúcho  que roncava, viu as botas parecidas com as minhas , tirou , do pé  do gaúcho,  colocou a minha com o solado aberto no pé  do vivente.
- Coloca a bota Júlio!
- Vamos aproveitar , a noite é pequena.

E o foi o que fizemos,  a fuzarca foi grande.
Lá  pelas  4 da manhã,  serviram,  linguiça,  rabo, mandioca, um cuiudo feijão mexido e um café  preto bagual de bom.
Após  aquele  suculento  biscatizinho gastronômico para repor nossas energias,  voltamos para dançar.
No meio do salão,  lá  pelas quase seis da manhã  vi o dono da bota que estava mancando , pois usava a minha bota e eu a dele. ..kkkk, avisei,  o Paulo.
O Paulo e eu ríamos muito.
Como estava já  no fim do baile, o Paulo, falou  com o dono do bar :
-Seu Juca, faça  o favor  estou com pressa  entregue essa bota para aquele senhor daquela mesa. Mas só  depois que eu sair  e agradeça pelo empréstimo.
Tomamos  uns gole de canha, tinha até  um nome muito sugestivo,  a cachaça : "Pinto duro".
Após,  zarpamos para as casas, direto para a Meia Lua..íamos gargalhando da noitada que passamos.
Foi um baile bagual, bota retoço  nisso.
A noite foi pequena.Ficamos de voltar no próximo baile.


Não  vamos afrouxar  o  garrão,  a luta  continua.

ONTEM....

Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...