terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

AO MANO VALANDRO

É   domingo,  26/02/2017,   a  noite  passada   foi  uma  noite   triste,   já saudosa,  a partida  do  meu  mano  para  um  outro  plano, por  mais  que    sabíamos   que  era  próximo  me  deixou  sem  chão  e a  noite  foi  complicada,  não  consegui fechar  os  olhos, mas  a manhã  de  domingo, era a  despedida  e  já  estávamos  na   estrada.

A BR- 158, foi  o  caminho    mais curto   para  chegar  a  São Gabriel  e seguimos    os  caminhos da
estrada,  e  cada  metro  de  estrada   que  via pela   janela  do  carro, visualiza   o  verde lindo  dos  campos,as  coxilhas ,  as canhadas, os  açudes,  multidão  de  eucaliptos  plantados nas margens  da  estrada, gado  no  campo, muitos  cavalos, espalhados   pelo  campo gaúcho,  extensas plantações  de outras culturas,.
Eu  me  suavizei   um pouco  olhando  o  campo, serenei    meu coração  apertado de  vez  em quando  pegava a  cuia para  sorver  o  chimarrão  companheiro  para   também  procurar me  acalmar.
Eu  não  tinha vontade de  falar,   apenas,  olhar,  ficar  quieto   mas  de  vez  em quando um  primo    me  dizia algo, para  interromper  meus  pensamentos, todos  ali doidos com  a  circunstância que  nos  envolvia.
Ao  adentrarmos  o  trevo  da  BR- 158, com  a  BR- 290  já  estávamos em  terras  gabrielenses   e minhas retinas ,  a cada momento cristalizava  ali, muitos  caminhos,  viagens   que ali passei,  vivenciei.
Na  realidade,  meu  mano me  esperava   mas  esse  encontro   final  aqui  nesse  plano, eu não queria, a  gente  nunca  deseja desse  modo.
Eram,   11:40 h   quando  chegamos em  São Gabriel ,  primos,  parentes, amigos, conhecidos, muitos estavam   ali  já e confesso  que  muitos que  estavam   naquele  local    eu  não   tinha  mais  a lembrança ,  pois  há  muito    tempo    não  os  via, e  isso  falei  para  muitos  e  até  pedi  desculpas,  por minha  lembrança  falha.
Momentos  em  que  abraços   carinhosos  recebi,  como os  familiares   do  Mano, Nesse  momento    é   muito    importante  um  abraço, nos  fortalece, nos fortifica,  penso   que,  que  pena ,  que  é  muitas vezes   só  em  momentos  complicados, como  esse.
Falei   com  muitos  e muitas  pessoas ,  meu  Mano,  tinha  um  laço grande  de amizades.
De  alguns,  senti  falta, outros creio  que nem  ficaram  sabendo  de  seu  falecimento,   outros  por  tantos  motivos    não  puderam   dar o  seu  adeus.
Meu  amigo,  Paulo Marques, me  deu   muita  força,  realmente  um  grande amigo  que  tenho em  São  Gabriel.
Meu  Mano, estava sereno  com suas feições, no  esquife, ele  descansou, parou  de sofrer, estava  pilchado com  lenço  gaúcho, sobre  o  corpo,  a bandeira gaúcha,  e  no centro  dela,  o  escudo  do  seu  time o  Internacional de  Porto  Alegre.
É um  momento  de despedida, e  um  momento  de perda mas  também   para a  gente  refletir , sobre  a  morte  e  a vida, e  o nosso  papel  nesse   plano  terrestre.
Todos  nós teremos  esse  desfolhar    da  vida,  um  dia  serei  eu, quando  não  sei, pode  ser  até  agora   quando  a  caneta desliza triste   sobre  as  folhas  do  rascunho  que  escrevo.
Pra  mim,  isso  é  minha  simples  e  singela  homenagem  ao  Mano véio.
O Mano, foi   e  sempre um  homem  bonito,  era  inquieto, queria as coisas   pra  ontem,  não  gostava  de  ficar  esperando,  reclamava muito, chegava a  ser  chatonildo, um  chato  mesmo,
Tinha  um  verbalização  fluída,  gostava  de  ler muito, ver  filmes, de  todo o  tipo, tinha  um filmoteca  de  dar inveja,  gostava  muito  de  música, gaúcha, samba,  enfim, gostava  de coisa  boa. Muito inteligente,  cativava ao seu  estilo   as pessoas,  era  direto, naquilo    que  pensava  e  dizia sem  rodeios,  não  enrolava.  Também ,  era   muito  desconfiado.
Nos  tempos    de jovem,  na  sua  juventude,  era  muito  namorador,  poxa esse  cara   fez  muito  rebuliço  com  as  gurias,  ele   e  o seu  primo  MÁRCIO, namoradores de primeira, e  tinham  uma amizade muito  grande, eram  como  irmãos, como sempre  diziam  um  ao  outro.
O Mano, era loiro,  cabelos  compridos  quando  jovem,  usava  calças   boca de  sino, gostava  de  se  arrumar, ele  era muito cuidadoso   com sua aparência.
Levou   muita  guria   pros  seus  pelegos  como  diz o  gaúcho.
Ele  tinha  como  já  descrevi, inúmeros  hobi, outro  que  gostava   muito  era  de fazer  vídeos,  fez alguns pra  mim, gostava  de  restaurar   fotos antigas, curtia muito  a  internet.
Nos  fins de  semana , sempre  tinha  o  churrasco,  alguma  coisa  assada tinha para os  amigos, uma boa  música,  e aquele  papo,  ele  era muito  festeiro,  gostava  de uma fuzarca.
Ah! não  posso  deixar     de  registrar   que era apaixonado    por  samba e pagode,  e  Alcione, ele  era  simplesmente  um  apaixonado  pela marrom, tinha  todos os discos  dela, e  cds,, sabia  tudo  sobre  a marrom.
Dizer  que  gaúcho  não  gosta  de  samba, é  uma  falsidade  só, gaúcho  gosta também  de samba.
Ele  e  NINA,    sua  esposa  se completavam   aos  seus  jeitos,   ela  também gostava como ele de samba,  festas,  gostava  da casa com  os amigos  deles.
Ele  sempre    foi  um  pai  amoroso, brigava  pelos  filhos, fez tudo    pelos seus  filhos  e o mais  que podia, não  fez  mais porque  o seu  tempo se  foi.
O  Mano  era  carnavalesco,  gostava de uma folia,  e  como  gostava ! No  começo  das  festas  de  carnaval, ele  nos  deixou, não poderemos  mais  ver ele  tocar  o  seu pandeiro, com  a  sua  alegria de  sempre.
Participava,  do  bloco  "alambique" do qual  ele  era  um  dos  idealizadores.
Poucos   sabem,   mas  ele     foi  um  dos  protagonistas em  inserir   o  20  de  setembro, como  feriado  no  Rio Grande  do  Sul,  como  o  dia do  gaúcho,
Uma   das passagens  que  lembro, foi  o   primeiro  Grenal  que eu  assisti,  e  foi  em  Porto  Alegre, ele me levou, fomos  de  ônibus, ele   com   a bandeira  do  Internacional, e  eu  com a  do  Grêmio .  E lá na  capital  gaúcha,  fomos    parar   na casa da  NELI, muito  amiga dele, tia  da  NINA.  No  dia  do  jogo   ele  me  disse:  "olha  o  jogo  é no  Beira-Rio,  então  é melhor  você  não ir  com  a bandeira,  teremos   que ficarmos  juntos  para a  gente  não  dispersar e  se  perder  na  multidão,  lógico  que  não  gostei da idéia  mas acatei, ele  até  me disse  ficaremos  na torcida  do  Inter ,  e  quando  der  um  gol  do  Grêmio   não vibra,  pois  pode  dar  confusão, poxa, isso  era  demais,  mas  ele  era  o  Mano  mais velho   e  acatei   o  pedido  dele.
O jogo  estava   no  finzinho, e   o  Internacional    fez  o  seu  gol, gol  do  Escurinho, poxa,  fiquei  triste no  meio   dos colorados  mas   sabia  que  outros  Grenais   eu  viveria,  e  seria  diferente.
Outro  momento  bacana, à  noite  na casa da  Neli,foi  quando  ela  disse: "vamos  dar uma  saída,  levar  o  Julinho  para  conhecer  um pouco  a noite  de  Porto  Alegre,  vamos  num  samba  e pagode, e me levaram, poxa,  foi  muito bom, era  um  bar, de música ao vivo  e  nessa  noite, toca  o grupo  "os  caras  seis ",  foi  trilegal, gostei   muito,  e só  saímos  quando  o  sol  espiou  o  dia.
Teria   tanta  coisa  para  falar,    nessas lembranças,   que  soam   com  uma singela  homenagem, ao  Mano, mas  fico  emocionado, já  doído, faz algumas horas  de  sua  partida,  sim  fica  um  vazio grande  dessa perda.
Já nos tempos  mais  para os dias  de hoje, sim  também  tivemos divergências, e não foram  poucas, afinal, somos  seres  humanos  igual  a  qualquer  um,  no  campo  político  e  no olhar   para  a vida.
Tivemos  boas  peleias , mas  para  mim  ficaram  apenas  no  campo  de idéias,  e  na  percepção  das coisas.
Um  dia  ele  me  convidou    para  o  FACEBOOK, o  convite  para  estar  na página  dele, aceitei  no  dia  e   sai  no  outro,rsrsrs, acho  que  foi  um recorde    isso.
Lembro  que  fiz um  contraponto   sobre  algumas postagens em  sua linha  de  tempo,  ele  contumaz  anti-PT,Lula,Dilma,era  contra  as  políticas  sociais  do  PT,  para  resumir  o  assunto.
Ele  me mandou,  um  recado  no bate-papo,  dizendo  que não desejaria    que eu  fizesse  comentários  na sua  linha  de tempo pois,  só ele  podia  comentar,
Respondi,  contrariado,  mas  respeitando  sua  visão, dizendo  que   os  comentários  que eu  fazia,  era  como  cidadão, era a  visão  de  um  outro  cidadão, um  contraponto  diferente, me  respondeu  que  não  queria  que eu comentasse.
Diante,  dessa  situação,  respondi,  que tudo  bem, sairei do teu  perfil, o  mais  importante é  a  amizade  e  nosso  sentimento  de  sangue, não  vamos   brigar por  essas  visões  diferentes de mundo, nada  muda, continuaremos  nos  comunicando,  ok?
Hoje,   penso  que o  tempo  passou,  perdemos algumas  oportunidades, mas isso  faz parte  de nossas vidas, disse  e  repito, tivemos    muitas peleias,  mas  nunca  eu esqueci do  sangue  que corria  nas  veias  dele,  e nas minhas.
Mano, você,  teve uma  peleia   muito  feia  com  a  doença, fizemos  de tudo que estava  ao  alcance para vencermos  juntos essa  batalha, acredite,  o  melhor que os médicos puderam  fazer,  acredite,  foi  feito.
Agora,  descansas, paraste de sofrer, foste  para    um   outro  plano  espiritual, e  com  certeza, já estás a  caminho do  encontro  com  os  nossos  pai,  CELY  E  GETÚLIO.
Obrigado, Mano, por tudo, e  também lamentando  que muito  poderíamos  fazermos  juntos, mas   não tivemos esse  tempo, e  acredite  eu gostaria  muito.
MANO, digo   que, estarás, na minha  saudade, e no  meu  respeito  sempre.



Pensem nisso  enquanto eu  vos  digo  até  amanhã.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

PEDAÇOS DA GENTE

Tem  momentos     que  não  sabemos    qual o caminho   a  seguir. Mas  eu  nessa  caminhada  toda,  desse  tempo  vivido  sempre  fui  guiado   pelo  meu coração.  E  disso  não me  arrependo,  pois até  aqui foi  tanta  coisa    que  deixei timbrando    os rastros    do  pó  da estrada que  caminhei. E   de alguma forma,  deixei  algo,  deixei  algo  de mim, e  com  certeza   ganhei, ganhei, amores,  lembranças, desencantos,  encantos, verdades, mentiras, enganos,  desenganos, traições, conheci  pessoas   maravilhosas, que encontrei, partilhei,  compartilhei,  bebi  sabedorias  aprendidas  e  sei  que  algo  bom  deixei. Muitas decepções, de onde nunca imaginei  ter, sentir,  viver, mas  fazem parte do  nosso  aprendizado, somos sempre  e  seremos  sempre  eternos  aprendizes  dessa  escola chamada vida.
Também   digo  com  a  minha consciência   não  sei,   se foram  boas  ou não aquilo   que  deixei  em  meus  rastros  mas  procurei  dar  o  meu  melhor  sempre. Mas  sabemos que as  vezes  a  gente  mesmo  não  sabe o  certo  pois,  como  disse  antes,  somos seres  aprendizes,  erramos,  acertamos.
Estou  no hospital, as   horas   parecem  uma carreta  de  boi, em  que suas  rodas custam  a  locomover-se, e  vem  uma  agonia,  pois  a  hora  nunca marca  o  tempo, ele  acontece  quando  menos esperamos. É    o  momento   que ela   crava  os  seus  ponteiros  e  é  ali   naquele  momento, que  fica  cristalizado o  tempo final.
Tenho  carregado nesses  últimos   dias, múltiplos  sentimentos,  e  todos  eles  passam,  caminham, atravessam  o  meu  corpo, a  minha cabeça, e ficam ali, dançando, acasalando, depois  vão  embora e  vem outro, de todo o  tipo, medos, esperanças, desesperanças, solidão, saudade, perdas  e danos.
Não  sei  se tudo  isso  é  pelos  dias  que  estamos  passando, ou  é mesmo  aquilo que devemos  passar ,  é  o  nosso ato, que já  está escrito, pois  sei  que  sou  um  ator  nesse  mundão   do  meu  amado DEUS.
É   um  momento   muito   duro,triste  e  real,  tão real  que me  sinto  que  meu corpo,  minha pele está  cortada, dilacerada, e  é  inevitável, muito  medo.
Pergunto  dentro  de  mim, e  os  meus amigos? , queria tanto  um  abraço, ser  acolhido, uma palavra.
Me  sinto duro  comigo  mesmo, em mim,   não  há alegria   porque  não  podemos  estar   com  a  alma  viva  e  alegre    se para  a gente   faltam pedaços   de nossa  gente. que  estão  ali, num leito, inerte,  só  a  máquina fazendo  aquele  barulho  entre  a  vida  e  a  morte  que  assusta,  amedronta, ,  fragiliza, aquele corre-corre  de  homens  e mulheres, de branco, correndo  pra buscar  a  vida pros  que  estão  ali, na esperança   de abraçar  a  mesma. E   eu  ali parado, junto  ao  leito, choro  dentro  de mim, porque  só  sei  chorar agora, pedi  tanto..tanto...que cansei...naquele   espaço  aonde vejo  uma figura  amada, me  belisco  para ver  se  não  é uma  mera miragem,  mas  não  é.
Ah,como  eu  queria que  tudo   fosse  diferente. Tantos sonhos ! Tantos  planos! E   eles fogem  de  nós   como uma  pequena  centelha de luz.
A vida  é assim  eu sei, muitas  pessoas  me  dizem isso, e  eu  digo,  é dura  e  cruel  muitas  vezes  e não há  entendemos ,  talvez porque  somos aprendizes  dela.
A   vida   nos  convida   para  o  banquete  e nele  vamos  viver    os  momentos que ela  nos proporciona, vamos  absorver   a vida, nossas  amizades, nossos  amores,  nossos  encontros, lágrimas e sorrisos, prazeres, identidades, todo  o  tipo  de  comunhão de propósitos. 
E num  dado  momento  nos falta  algo  é aquele  pedaço  que  está se  despedindo   da   gente  e não  posso fazer  nada! Nada..nada!Impotência minha..
Apenas   orar  nos  últimos    raios de  vida  que  vão  se desprendendo  para  ir  embora,  e  levando   nosso  amor, nossa  saudade ,  levando   pedaços  da gente.  Para  quem   está   no  banquete   da  vida,  tudo  é  esperança  e  para quem  não  pode  mais   estar aqui  é  o  fim,
É uma  mistura   de muitos  sentimentos   que  ficam habitando  dentro  de mim...saudade....

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até  amanhã.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O IMPÉRIO DA GLOBO DESMORONA

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

UM BRASIL À DERIVA

sábado, 18 de fevereiro de 2017

RENATO PORTALUPPI, O TREINADOR DO GRÊMIO


Um bate-papo com Renato Portaluppi

Carlos Corrêa / Interino
"Em um ambiente tão pasteurizado como anda o futebol, personagens como Renato Portaluppi mais do que nunca valem ser ouvidos, tanto por suas ideias, como pelo fato de defendê-las sem receio. Na sexta-feira, conversei com o técnico no CT do Grêmio. Abaixo, a íntegra do bate-papo com o treinador.

Como o técnico Renato lidaria com o jogador Renato?
Eu iria bater palmas todos os dias para ele. O craque não dá problema para o treinador. Ele é a solução dos problemas. Eu não quero saber da vida particular de ninguém, seja quem for. Eu trato da vida de qualquer jogador do portão para dentro. Então eu saberia que o Renato resolveria os meus problemas dentro de campo e é isso que importa. É lógico que quando um jogador é bem diferenciado, ele tem um tratamento um pouquinho diferenciado por parte do treinador também. Mas o objetivo é ver o jogador dentro de campo, então no momento que ele decide é o que importa para mim.
Você ficou menos provocador por causa da idade, do cargo ou por não ver ninguém do outro lado que compartilhe da provocação?
Por causa do cargo. Até porque a imprensa brasileira, se você fala alguma coisa, começa a dizer: “Ah, aquele treinador fala muito, faz isso, faz aquilo”. Então é melhor calar e não falar certas coisas. De repente, se eu fosse jogador, eu iria ser o jogador que eu era na época. Porque no momento que eu provocava, era para levar um bom público para o estádio. Jamais ofendi um adversário ou uma torcida. Provocava o Romário, o Túlio, o Edmundo, mas era para botar 20, 30 mil pessoas a mais no estádio.
Você acha que a imprensa esportiva gaúcha é mais chata ou exigente que no resto do país?
Você não pode generalizar, independente de qual estado seja. Sempre tem os chatinhos, entendeu? Aqui, em São Paulo, no Rio, no Nordeste, em BH. Tem que saber conviver com eles. Mas eu gosto de ouvir uma crítica quando ela é construtiva. Quando acho que é maldade, entra num ouvido e sai no outro. Em toda profissão vão ter os chatinhos. Na imprensa também tem. No futebol tem. É inevitável. O problema é que aqui no Rio Grande do Sul tem essa competição muito grande porque existem só dois grandes.
Você acha que jornalista esportivo entende de futebol?
Alguns entendem. Por exemplo, no dia do jogo, o treinador tira um jogador ou põe durante o jogo, aí o cara não quer saber porque o treinador tirou aquele jogador. Mesmo ele estando bem no jogo. Aí ele não quer saber se o jogador tem uma lesão, se não está mais aguentando. Têm várias coisas que não chegam, as conversas que você tem com o jogador ao longo da semana. Mas eles querem opinar, antes mesmo de saber realmente a história. Por que não escutam a entrevista coletiva do treinador? Aí diz: “Ah, tirou o cara que estava bem na partida” e joga o treinador contra todo mundo. Aí escuta a entrevista e o treinador explica porque tirou o jogador. “Ah, foi por isso?”. Mas ele não vai pedir desculpas, vai valer as críticas que ele fez ao treinador. Então você vai me perguntar se o jornalista entende de futebol. Alguns entendem. Alguns não entendem nada. Alguns querem discutir e dizem: “Eu estudei futebol”. O cara que estudou futebol pode ter aprendido bastante sobre futebol ou ele acha que aprendeu muito mais. Aí ele quer competir com o cara que jogou futebol, que tem a prática. Uma coisa é a teoria, outra é prática. Eu não estou dizendo que o cara que só estudou não pode saber mais do que o que jogou, mas é muito difícil. É só você ver o comentário de um ex-jogador na televisão ou na rádio e o de um jornalista que estudou futebol. O cara pode até ter a mesma opinião, mas o ex-jogador vai explicar o porque de um cruzamento, de um chute, de uma dividida. Porque ele viveu aquilo. Aí a pergunta que eu faço é a seguinte, por que nenhum de vocês então foi lá para a beira do campo ganhar 100 vezes mais? O cara que disser que se garante eu arrumo um clube para ele treinar. Por que o cara que diz que entende tanto e diz que se garante não vai para a beira do campo? O probleminha dele vai ser o seguinte: o dia-a-dia. Aí vêm inúmeras coisas. Ele vai ter que saber conviver no dia-a-dia com 30 jogadores, resolver o problema deles todos, parte tática, parte física junto com o preparador, tomar as decisões em dois ou três segundos na beira do campo. Não é só ir no jogo e fazer uma ou duas trocas. Então, sem ofensas a ninguém, eu digo, tenta ir lá para a beira do campo. Ué, não entende de futebol para caramba? Vai lá, pô.
Dentro de campo, o que mudou da época que tu jogava para hoje em dia?
Mudou que não tem mais craques como antigamente.
E a que tu atribui isso?
Aí tem que ver com as categorias de base dos clubes.
Taticamente falando, você percebe novidades no futebol hoje em dia?
Não. Você olha alguns jogos e diz: “Nossa, como esse time joga”. Mas você vê coisas diferentes porque os craques fazem coisas diferentes. “Olha que jogada”. Vai me falar que é treinamento isso aí? Não, é a qualidade do jogador. Porque esses times são praticamente seleções. Os técnicos vão trabalhar e montam seleções. Aí você vai ver um futebol diferente. Pega esses técnicos, e são p. técnicos, e dá um time médio para eles. Sem poder contratar. “É isso aqui que você tem. E agora me dá resultado”. Não tem resultado? Vai ser mandado embora. Está entendendo?
Qual a última novidade tática que tu acha que aconteceu?
Ninguém tenta inventar nada, todo mundo quer copiar. Aí os caras estão tentando hoje em dia no 4-1-4-1. É um sistema tático diferente que alguns técnicos estão usando, mas aí cabe de cada um. Eu, por exemplo, não gosto deste esquema.
Por quê?
Porque não gosto. Acho que não define muito a parte defensiva e não define a ofensiva com um esquema desses. Primeiro porque você tem que ter os jogadores certos. E outra que você não define direito para o jogador se ele tem que defender ou atacar mais. Eu não gosto desse esquema exatamente por isso, vai embaralhar muito a cabeça do jogador.
Se aprende mais na derrota ou na vitória?
Nas duas. Aprendo muito na vitória. Porque acham que o time jogou bem, fez isso, fez aquilo, mas aí muitos jornalistas não vêm nas vitórias os defeitos que eu vi
O que você aprendeu com a final da Copa do Brasil, por exemplo?
Aprender você aprende toda hora. Por exemplo, as duas exibições do Grêmio lá em Minas, contra o Cruzeiro e o Atlético-MG foram exibições de Bayern de Munique, de Barcelona, de Real Madrid. O que eu aprendi? Exatamente o que eu passo para os meus jogadores: não demos chance para o adversário, valorizamos a posse de bola, tivemos a paciência na hora certa. Foi exatamente o que nós treinamos. E não se desligar um segundo sequer. Até agora, jogando o Gauchão eu digo, não me dêem as costas para a bola um décimo de segundo. Eu conto uma historinha que eu pergunto para os meus jogadores: “Quem é pai aqui? Quem leva um filho de um ano, dois anos, para um shopping e dá as costas?”. Porque vai acontecer alguma m., não vai? No futebol é a mesma coisa. Se você der as costas para a bola, vai dar alguma m.
Você se sente mais à vontade morando no Rio de Janeiro do que aqui?
Sim.
Por quê?
Lá eu tenho mais liberdade. Nada contra aqui, só que lá o pessoal está mais acostumado com gente conhecida, de todas as áreas.
Para você, é difícil sair aqui? Você sente falta disso?
Sinto. Claro que sinto falta. A minha vida é no hotel. Mas é o preço que se paga.
É algo que você tentou fazer nas outras passagens aqui e não deu?
Eu vejo o meu dia-a-dia. Eu sei que vou chegar num lugar e… eu quero ter a minha privacidade. Se eu vou ali, eu quero bater um papo com meus amigos, quero me divertir, curtir, entendeu? Se toda hora chega alguém, pô, sabe? Se tem um evento no hotel e está lotado, eu tenho que comer no quarto, senão não vou conseguir comer. Aí tem gente na piscina, não posso ir na piscina. É difícil, os caras acham que não, mas é difícil. Eu sinto falta disso, lógico que sinto.
O que me leva à última pergunta. Toda amiga minha que eu comentei que vinha aqui te entrevistar, pediu para trazer ela junto. O assédio contigo continua o mesmo da época de jogador?
Começa que vou te dar um esporro: não trouxe por quê? Olha, o assédio continua. Na época de jogador era maior porque eu saía. Eu estava nos locais, entendeu? Hoje em dia eu me preservo bastante. Mas ainda têm ainda os tiros, as cantadas."
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

RADUAN NASSAR, LAVA A ALMA DO BRASIL

YOUTUBER PAGO POR TEMER

ONTEM....

Ontem caminhando pelas ruas altas e baixas da cidade... Meus passos quando pisava o solo, parecia que em mim algo me levava para algum lugar...